Neste segundo domingo de outubro, na capital paraense, acontece em Belém do Pará um dos mais importantes eventos religiosos das Américas: o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. É o Círio considerado a maior manifestação de fé católica do Brasil, cercado de simbolismos e peculiaridades: um misto de cultura, história, demonstração da marcante religiosidade do povo da região. O motivo é que Nossa Senhora de Nazaré é a padroeira dos pescadores, dos paraenses, da Amazônia.
O evento mais significativo em termos de turismo no Pará leva a Belém todos os anos milhares de turistas que, junto com os paraenses, vivem e respiram o Círio. Quando a festa se aproxima, percebe- se o quanto ela é importante para a cidade e para a Amazônia como um todo, em diversos sentidos, dentre os quais o econômico, já que a movimentação no comércio chega a ser até maior do que o Natal.
HISTÓRIA: O Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP), antigo Palácio do Governo, abriga a Capela de onde partiu a primeira procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, no ano de 1793, durante a administração do Capitão-General Francisco de Souza Coutinho, da Capela do Palácio do Governo. Projetada pelo arquiteto Antônio Landi, a capela foi construída pelo General Governador Fernando da Costa Ataíde Teive e seu ano de conclusão foi o de 1771. A procissão saiu da Capela do Palácio até mais ou menos 1880, mas no governo provisório de Justo Chermont (1889 – 1991), ela seria completamente descaracterizada, pois ali foram instaladas as salas que abrigavam a Tesouraria da Fazenda.
No primeiro Círio, a imagem da santa foi transportada no colo do vigário geral, em um carro puxado por juntas de bois, como se fazia em Portugal.
A preparação para o Círio dura praticamente todo o ano, mas é com a proximidade da chamada “Quadra Nazarena”, que essa preparação ganha maior importância. É o principal evento de atração turística ao Pará. Entre os mais de 2 milhões de romeiros que participam do evento, no domingo, e que tomam conta das ruas de Belém, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos do Pará (Dieese), cerca de 80 mil são turistas oriundos de diversos países e outros estados do Brasil.
A GRANDE FESTA - O Círio em si acontece apenas na manhã do segundo domingo de outubro, mas a programação oficial na verdade envolve 11 romarias com mais de 100km de percurso, se somadas, e uma grande maratona de visitas da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré em Belém e a outros estados que também realizam o Círio, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, Amazonas e Amapá.
Este ano a programação principal começa hoje (10) com o tradicional Auto do Círio e o Traslado da Imagem para Ananindeua, e segue no dia 11, com a Romaria Fluvial pela manhã e Trasladação à noite, entre outras que antecedem ao do grande Círio, domingo, 12, numa enorme procissão entre a Catedral da Sé (Igreja de Nossa Senhora das Graças) e a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré.
Observe-se que a programação já foi aberta anteontem, quarta-feira, antecedendo a grande procissão, com a inauguração da decoração da Praça Santuário, da iluminação dos arcos e da Basílica Santuário de Nazaré, da feira de artesanato e do tradicional arraial. Ontem, aconteceu o lançamento do manto que adorna a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, uma verdadeira jóia que é trocada todos os anos e é considerada um dos ícones da festa. No mesmo dia acontece um grande concerto mariano na Basílica Santuário.
Hoje, de madrugada, começaram a chegar os romeiros de diversos municípios que caminham dezenas de quilômetros até Belém como forma de pagar suas promessas. Diante da Basílica Santuário será celebrada a primeira das 11 romarias, o traslado para Marituba e Ananindeua, municípios na região metropolitana de Belém. É a mais extensa romaria, chegando a percorrer cerca de 110 km com diversas paradas para receber homenagens. A imagem segue em um carro da Polícia Rodoviária Federal cercada por outros carros, motocicletas e bicicletas e emociona os fieis que aguardam a passagem da imagem em calçadas e passarelas, especialmente na principal via de acesso a Belém, a Rodovia BR316.
Depois de uma noite de vigília, a imagem segue nas primeiras horas da manhã de Ananindeua para Icoaraci, distrito de Belém, na Romaria Rodoviária. Na orla do distrito, depois de uma missa campal, começa a Romaria Fluvial, pelas águas da baía do Guajará, seguida por centenas de embarcações de diversos tamanhos, todas enfeitadas. Esta romaria é uma das mais novas do calendário, criada na década de 1990 pelo então presidente da Companhia Paraense de Turismo (Paratur), jornalista Carlos Rocque. Já na orla de Belém, a imagem é recebida com honras de Chefe de Estado. Tem início então outra romaria, a dos motociclistas, que conduz a imagem até o Colégio Gentil Bittencourt, onde pela parte da tarde uma missa dá início à Trasladação.
Com percurso inverso ao do Círio, a Trasladação possui praticamente os mesmos elementos da grande romaria, sendo à noite, quando a temperatura é mais amena e também conta com as luzes das velas carregadas pelos fieis até a Catedral Metropolitana. Na manhã deste segundo domingo de outubro, um verdadeiro mar de gente toma conta das ruas de Belém para a passagem da berlinda enfeitada que conduz a imagem peregrina. A programação dura ainda mais duas semanas, com a realização das demais romarias e também de diversos eventos ligados à festa, encerrando com um espetáculo com fogos de artifício à noite e na manhã seguinte a realização da última e mais curta romaria, o Recírio. (Com a Paratur)
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