NOITES PORTUGUESAS NÃO SÃO AS MESMAS SEM O FADO - Portugal, sem a menor dúvida, é o destino mais procurado pelos brasileiros no exterior. Razões históricas são a primeira motivação que nos faz eleger o país luso da Península Ibérica como a nossa porta de entrada na Europa. Aliado a esse argumento vem o idioma, o mesmo que nos legaram como herança maravilhosa. Em razão do que nos sentimos sempre “em casa”.
Mas, a par dessas circunstâncias de valor inestimável, Portugal é um país que guarda excelências incalculáveis, especialmente do ponto de vista turístico. As suas atrações começam a impactar desde os primeiros contatos com Lisboa. São incomparáveis e inúmeros os seus atrativos que empolgam e cativam, notadamente a nós, brasileiros.
Mas as noites portuguesas têm um lugar muito especial na programação de todos quantos lhe privilegiam com a visita. Porque o FADO emoldura com sentimento, com emoção, os corações que o assistem nas inúmeras casas que lhe exibem.
“SILÊNCIO, QUE VAMOS CANTAR O FADO…” -Esta frase, soada com muita solenidade, ao tempo em que as luzes se apagam para focar apenas no ou na intérprete. É o primeiro impacto. Uma guitarra dedilhada com extrema habilidade introduz a melodia que consubstancia o sofrimento, a dor e a agonia de que modula os versos sonoros.
O sentimento é o lugar-comum do FADO que marca ainda mais pela proteção de um xale característico, a compor o cenário de muita exaltação. São vivenciadas por esses caminhos as noites lusitanas.
O FADO exala, sem dúvidas, muito sentimento, faz cantar os desgostos do amor dos que lhe inspiram, pontifica sobretudo a saudade de alguém que abandonou o cenário, marca o quotidiano e sinaliza as conquistas.
A ALMA LUSITANA EMOLDURA AS SUAS NOITES - O intérprete extrai do seu mais interior a história dos seus encontros e desencontros, das suas ilusões e desilusões de uma vida extremamente sentimental. Faz emergir de dentro da alma o enredo tumultuado das suas desesperanças. A importância transcendental do FADO para o português e para o mundo consolidou-se com a decisão da UNESCO, em 2011, de o classificar como “Patrimônio da Humanidade”.
É a alma portuguesa que transborda em versos e acordes dolentes. Os críticos portugueses classificam o FADO como criação de profissionais e de amadores, como se essa dicotomia expressasse alguma diferença na sua inspiração. O FADO nasce da explosão interior, das convulsionadas almas que digerem o mais agitado sentimento.
EM COIMBRA É A MANIFESTAÇÃO DA ESTUDANTADA - De modo muito particular, o FADO de Coimbra – cidade histórica que se notabiliza pela sua tradicional e centenária Universidade – é a expressão cantada dos jovens que se concentram nos diversos cursos. As “Tunas”, que são agrupamentos dos universitários com os seus próprios instrumentos e a sua música muito privada, contornam-se em suas tradicionais capas pretas.
Mas o FADO exprai-se por toda Portugal, concentrando-se, contudo, em Lisboa, onde estão as principais casas que o exibem. Desde o seu mais tradicional bairro de Alfama, ao bairro alto, a Madragoa, enfim, por toda Lisboa, constituindo-se na delícia dos empolgados visitantes.
AMÁLIA A SUA ALMA MAIS EXPRESSIVA - Sem a menor dúvida, Amália Rodrigues foi a maior e mais festejada intérprete desse gênero muito especial e típico português. Constituiu-se mesmo na sua maior expressão, tanto que a casa onde residiu, próximo a Madragoa, nos últimos anos foi tornada em museu e recebe extensa visitação por todo o ano, especialmente pelos turistas que tanto a aplaudiram. É onde está contada a trajetória de uma das mais expressivas cantoras universal.
Em Alfama, também está o Museu do Fado, onde é possível documentar o histórico desse gênero musical muito próprio da alma lusitana. Lá se encontram os resíduos da sua evolução, os seus mais consagrados autores, como dos intérpretes que conseguiram mais lhe dar vida.
SÃO TANTAS AS CASAS DE FADO - Por toda Lisboa é muito fácil localizar uma casa de FADO. Nos balcões dos próprios hotéis existem inúmeras indicações. Destacam-se algumas delas, como a “Severa” e o “Clube do Fado”. Em Alfama lá está, dentre outras, a “Casa Alfama”. No Bairro Alto, da mesma sorte, há uma variedade de opções, desde “O Faia”, ao “Canto de Camões”, a famosa “Adega do Machado”, a “Maria da Mouraria”, a “Taverna dos Trovadores”, tanto quanto no “Fado da Morgadinha”.
Por falta de opções, a noite em Lisboa não deixará, jamais, de proporcionar emoção.
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