SALVADOR PRESERVA SEU PATRIMÔNIO

RECUPERAÇÃO DE IMÓVEIS TOMBADOS - Num dos meus últimos artigos que este veículo concede-me a generosidade de publicar, tive a oportunidade de me referir a ações da Prefeitura Municipal de Salvador no sentido de preservar imóveis de valor arquitetônico e histórico, por isto mesmo tombados pelo Instituto do Patrimônio. E aludi a recomposição da Praça Cairu, no bairro do Comércio, inclusive com a instalação de museus.

Agora, volto ao tema para incluir alguns detalhes aquela informação. É que a Prefeitura da Capital baiana decidiu desapropriar os imóveis referidos na mesma localização, em torno do Mercado Modêlo. Já há muitos anos os aludidos imóveis encontravam-se totalmente abandonados, deteriorando-se visivelmente a ponto de já se constituírem em ameaça a segurança das imediações.

NOVOS MUSEUS SUBSTITUIRÃO OS PARDIEIROS - Para proporcionar a melhor utilidade aqueles prédios, o Prefeito e sua equipe decidiram, neles, instalar dispositivos que guardam valores culturais da maior importância, agregando ainda mais elementos ao tão consabido patrimônio cultural baiano. Nos mesmos espaços deverão ser instalados nada mais do que o Museu da História, o Arquivo

PÚBLICO E O MUSEU DA MÚSICA -  Como também situado no artigo anterior, os referidos espaços encontravam-se já há muito tempo desprezados pelos seus antigos proprietários que, além de não lhes destinar qualquer uso comercial ou não, permitiram a sua integral deterioração, o que passou a se constituir em perigo iminente para os que ali transitavam.

LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA -  Todos os imóveis em questão encontram-se localizados entre a Praça Cairu, a rua Portugal e a rua da Bélgica, no bairro do Comércio. Como todos conhecem, a Praça Cairú é onde se situa o Elevador Lacerda e o Mercado Modêlo, dois dos mais expressivos ícones dentre tantas as atrações que a cidade comporta.

Mas, até chegar a essa decisão, o Poder Municipal tentou acordo junto aos proprietários dos imóveis em questão, sem sucesso. Esta situação lhe impôs o recurso do judiciário, onde encontrou, finalmente, guarida para ser autorizada a desapropriação consequente. 

Essa ação onerará o Município no total de R$1.8 milhão, cujo depósito deverá ser providenciado no prazo de até o dia 3 de julho vindouro. Para que se tenha a idéia das condições em que se encontram tais imóveis, nestes últimos dias, um deles, na esquina da rua da Bélgica e do outro lado do Mercado Modêlo, teve uma parte da sua lateral desabada, em virtude da total ausência de conservação. Felizmente, não houve vítimas consequentes. Aquele imóvel havia sido construído em 1928, portanto há 89 anos.

DOS MALES O MENOR -  Por ter a sua condição sob a responsabilidade do IPHAN, o órgão autorizou, inclusive, a interdição de parte das duas ruas que o circundam – Portugal e Bélgica – a fim de prevenir futuros acidentes. O isolamento do casarão estará aguardando o pronunciamento técnico do IPHAN, que já providenciou que seus prepostos examinem a situação e delimitem a sua abrangência.

Um sinal altamente positivo é que a fachada foi considerada como em perfeitas condições de segurança, não havendo, por consequência, ameaça de que venha a ruir, total ou parcialmente, em curto espaço de tempo. Até porque a parte que desabou foi interna, que tinha a sua estrutura constituída de madeira. Examina-se, inclusive, a necessidade de demolição do restante do interior do prédio para a sua futura reconstituição.

OUTROS IMÓVEIS SERÃO PERICIADOS -  Em virtude da Cidade do Salvador, como sabido, possuir muito imóveis antigos, tantos dos quais ou abandonados pelos seus originários proprietários, ou sem que lhes destinem os naturais cuidados de conservação, a Codesal, órgão municipal encarregado precisamente de cuidar da administração dessas eventualidades, já se está articulando no sentido de proceder a um levantamento de tais imóveis considerados em situação de risco, especialmente na ambiência do Centro Histórico, a fim de adotar as providências que se aplicarem.

Na conformidade com os estudos procedidos pela própria Codesal, cerca de 500 imóveis já foram catalogados como inseridos nessas condições, merecendo, portanto, toda a atenção a fim de evitar possíveis e futuros acidentes. Inclusive, tais prédios estão sendo classificados na dimensão do nível de risco que apresentam.