VERDADEIRO MUSEU SUBMERSO - Sede da Amazônia Azul, a Baía de Todos os Santos possui em seus 1.200 km² de extensão um riquíssimo patrimônio cultural submerso, que são sítios de embarcações naufragadas naquele litoral desde o século XVII. O Farol da Barra, por exemplo – um dos mais belos cartões postais de Salvador – foi construído em razão do naufrágio do navio português Galeão Santíssimo Sacramento, em 5 de maio 1668. Pormenor curioso é que, entre os 500 passageiros, encontrava-se o General Francisco Correa da Silva, que assumiria o Governo Geral do Brasil e morreu no acidente, em que se salvaram apenas 70 pessoas.
À distância de 350 metros do Farol, encontra-se o material remanescente dos vapores Germânia e Bretagne, o primeiro da Hamburg American Line, construído em 1870 na Escócia. Naufragou ao deixar o porto da capital baiana em 1876. Naquele mesmo ano foi lançado ao mar o navio francês Bretagne, pertencente à Societé Generale des Transports Maritimes a Vapeur. Era um navio de ferro, com 87.95m de comprimento, que operava, há 27 anos, a rota no Mediterrâneo e a rota Europa/América do Sul. Chegou a Salvador em 1903 e, quando deixava o porto baiano, destinando-se a Marselha com carregamento de 10.000 sacas de café, danificou o seu leme e ficou a deriva, resultando afundamento sobre os destroços do vapor Germania.
FRAGATA PORTUGUESA ATEOU FOGO PARA AFUNDAR ADVERSÁRIOS - As embarcações holandesas Utrecht e Huys Van Nassau travaram combate em águas baianas com a nau portuguesa Nossa Senhora do Rosário. Ocorreu que o comandante da fragata portuguesa decidiu atear fogo em seu paiol com o objetivo de, na manobra suicida, afundar o Utrecht, o que causou centenas de mortes. Posteriormente, o Huys Van Nassau, já danificado, foi capturado pelos portugueses ao largo da Ilha de Itaparica. Depois, no entanto, foi recuperado e rebatizado como “Fortuna”.
São naus que se encontram em bom estado de conservação, afundadas na Baía de Todos os Santos. O Observatório Baía, por sinal, mapeou nada menos do que 18 naufrágios que aconteceram no local. Esses navios encontram-se distribuídos por 14 sítios, e os afundamentos ocorreram de 1627 a 1980. Preservados, esses sítios arqueológicos constituem uma especial razão para o desenvolvimento do ecoturismo, com o turismo de mergulho. Como o Galeão Santíssimo Sacramento que está em mar aberto, na região do bairro do Rio Vermelho, em mais de 30 metros de profundidade.
“SALVADOR 360” DEVE CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO - A Prefeitura de Salvador está desenvolvendo o programa “Salvador 360” e será um instrumento também destinado à preservação desses sítios arqueológicos. Já se projeta a criação, nesse programa, do Parque Marinho da Barra, que abrangerá um espaço entre o Farol da Barra e a Fortaleza de São Diogo, onde ocorreram os naufrágios dos navios Maraldi, de 1875, Bretagne, de 1903, e Germania, de 1876.
O Maraldi foi um navio de propulsão a vela e vapor que vinha de Buenos Aires e seguia para a Antuérpia, com uma carga de couro e lã. Ocorreu que, logo ao entrar no porto de Salvador, onde buscaria abastecer-se de carvão e mantimentos, sofreu a ação da correnteza, sendo impelido a se chocar com os recifes da região do Forte de Santa Maria, onde naufragou, em consequência.
OUTRAS EMBARCAÇÕES QUE SE ENCONTRAM NA BTS - Outras três embarcações encontram-se afundadas nos limites da BTS, sede da Amazônia Azul. Uma dessas é a Fragata Santa Escolástica, construída pelo Arsenal da Marinha na Bahia, tendo naufragado em sua viagem inaugural, em 1700. A embarcação destinava-se a combater o bloqueio que os árabes impunham à colônia portuguesa em Mombassa, no Quênia. A Fragata Santa Escolástica afundou após colidir com o Banco de Santo Antônio, já na saída da Baía de Todos os Santos.
Uma outra embarcação que se encontra na BTS é a East Indiaman Queen, que estava operando, então, para a prestigiada companhia Britânica das Índias Orientais. No dia 9 de julho de 1800, ocorreu um incêndio totalmente acidental que ocasionou o seu afundamento. No acidente, foram mortos 30 soldados, 6 passageiros e 70 marinheiros.
Uma terceira embarcação teve semelhante destino. Foi o cargueiro de bandeira grega, Cavo Artemidi que, em 1980, afundou nas proximidades do Banco de Santo Antônio, precisamente quando deixava o porto de Salvador, em 25 de Setembro daquele ano. Levava um carregamento de 16.800 toneladas de ferro-gusa, procedente de Vitória do Espírito Santo, e se destinava a Brighton, na Inglaterra. Tendo escalado em Salvador para reabastecimento de combustível, foi arrastado pela correnteza, batendo no Banco da Panela. Precisou, então, aguardar a enchente da maré para voltar a flutuar. No entanto, com a casa de máquinas em água aberta, voltou a ser arrastado na vazante da maré, colidindo, por fim, com o Banco de Santo Antônio, o que gerou o seu naufrágio.
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