Dezembro sempre foi e continua sendo um mês alegre e de esperanças. Nos dias que correm, diante de tantos acontecimentos negativos no nosso Brasil e no mundo todo, mais precisamos ter pensamentos positivos. Num retrospecto saudoso, voltamos a caminhar pela nossa Fortaleza “nos meus tempos”, e some tempos nisto. Naquela época, quando a vida passava devagar, sem maiores acontecimentos, isto lá pelos anos 1930/1940, nossa querida “loira desposada do sol” era um pequena província gostosa, com andar sem pressa dos seus entes. Qualquer fato era notícia de manchete na matutina Gazeta de Notícias” e nos vespertinos “Correio do Ceará e “ “O Povo”. Conhecia-se a vida de todo mundo. A Praça do Ferreira era de fato o centro de tudo. Pois o nosso caminhar saudoso volta-se para o mês final daquele tempo preguiçoso, mas gostoso. Um mundo calmo e de poucos ricos, a maioria nem tanto, mas solidário. Num panorama que tal corria a vida. Na ingenuidade dos finais dos anos, era de praxe estrear roupa nova, um sapato novo. Lembro que o Geraldo, da Dona Cota, e o Maciel, uma voz marcantes nas rodas musicais das calçadas, eram os alfaiates preferidos do nosso Bairro, o José Bonifácio. Trabalhavam o dia todo e entravam pela madrugada para entregar as encomendas. O “seu” Antônio Nunes, um operário letrado e cheio de boas conversas, não dava conta das encomendas de novos “pisantes”. Era de praxe visiatr as lapinhas. Para mim, a melhor era o do Cunegundes, na rua da Assunção, nas proximidades do Quartel da Polícia. O presépio e seu entorno tinham “vida”, para admiração dos visitantes. Como eram admirados pelo povo os Congos e os Fandangos, contando façanhas da África e da vida marítima de navegadores portugueses e espanhóis. Os circos também faziam a alegria da populaça doida por divertimento. A ida ao Pastoril. no convento das irmãs, na rua do Imperador, também era costume. Ninguém perdia a “Missa do Galo” à meia noite, na Igreja da Sé, pelo menos até 1938, tempo em que foi à baixo para dar lugar à atual Catedral Metropolitana. Após as rezas, voltava-se para casa sem medo de qualquer assalto. No caminho, o mais que podia aparecer eram uns bêbedos ainda nas sus comemorações. Nas noites de 31 de dezembro, o bom era ir arrodear o quarterão das ruas Major Facundo e Floriano Peixoto, no centro da cidade, apreciando as decorações das lojas iluminadas lojas. Ou fazer hora nos cinemas Moderno, Majestic e Polytheama. O “negócio” era fazer hora para ver a entrada do ano novo. Era uma festa só o chegar da meia-noite. Todo mundo na Praça do Ferreira em expectativa. Nas proximidades da feliz hora, todos contavam até doze e, no momento final, abraçavam-se e os desejos de um ano novo espalhavam-se para todos os lados, Depois, era voltar para casa feliz na esperança de um ano novo melhor. Como se sentia feliz o povo da minha Fortaleza. A esperança nos acompanhavam...
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