MAIS UM QUE SE FOI
Por mais que não se deseje, a morte é o fim de todos nós. Democraticamente, alcança a todos que estamos neste planeta chamado Terra. É certa, mas ninguém se conforma. Durante minha longa vida feito Matusalém, tenho recebido golpes profundos pela chegada de final de caminho de pais, irmãos, sobrinhos, de amigos fiéis e de pessoas da mais alta estima. Na sexta-feira última, 21, partiu para o Oriente Eterno mais um companheiro de jornadas. Faleceu o educador emérito Roberto de Carvalho Rocha, católico convicto, fundador do Colégio Christus e pessoa de alto conceito em todos os círculos sociais. Conheci Roberto nos idos de 1945/1950 quando ele, vindo dos Estados Unidos, visitou o jornal “O Nordeste”, órgão da Arquidiocese de Fortaleza, o meu primeiro e especial laboratório na profissão que, graças à vontade Superior, ainda dedico horas com a paixão de um iniciante. O filho do “seu” Cassiano não vinha da terra americana como jesuíta, mas trouxe um capital que honrou sua personalidade como educador excepcional, um exemplo para todos que desejam o bom caminho. Fundou uma escolinha cuja boa semente transformou-se ao longo dos anos no fabuloso Complexo Christus, de fama exponencial na educação em todo o Brasil, pelo fato de oferecer, dentro de um espírito sadio, cursos da mais alta qualidade, em todos os graus de ensino. Certo que para tanto não contou somente com sua inteligência e determinação. Teve também a dedicação, trabalho e força de vontade, dos seus pelos familiares. Inconformado em ter cursado apenas Teologia e Educação, nos Estados Unidos, Roberto Carvalho Rocha submeteu-se ao Vestibular da Faculdade de Direito. A partir daí tivemos um contato mais pessoal. Eram mais de 120 os que se submeteram ao crivo dos examinadores, em provas escritas e orais, de Português, Latim e Francês ou Inglês. Andrade Furtado, Heribaldo Costa, Perboyre e Silva, Wagner Barreira e Flávio Marcílio, luminares das letras jurídicas no Ceará, os componentes das bancas examinadoras. Na publicação do resultado do exame, apenas 32 lograram aprovação. Lembro que entre tantos estavam o Roberto, o Joaquim Ramalho, o Blanchard Girão, o Gusmão Bastos e o degas aqui. Outro Vestibular aconteceu, para preencher as vagas ofertadas, 50, mas a turma ficou constituída de 62, depois da aprovação de mais 30 concorrentes. Após cinco anos de convívio quase diário de tantos jovens inteligentes e esperançosos, de 1953 até 8 de dezembro de 1958, houve a festa de formatura no Theatro José de Alencar. Anos intensos de muito estudo e força de vontade nos quais, agora percebo, já projetavam futuros mestres em direito, educadores, reitores, advogados respeitados, juízes, promotores, desembargadores, jornalistas, secretários de estado, além de vitoriosos empresários. Hoje somos poucos os da Turma Justiça e Trabalho de 58 que ainda peregrinam neste conturbado mundo, como o Austregésilo Rodrigues Lima e o José Gusmão Bastos. A maior parte dos colegas, após cumprir com dignidade sua missão terrena, já partiu. Encerro este registro dando um até logo saudoso não apenas ao Roberto Carvalho Rocha, mas também aos demais companheiros com quem tive a honra e prazer de conviver, entre os quais Jorge Abreu, Jáder de Figueiredo Correia, Joaquim Ramalho, Juarez Sales, João Nazaré Cardoso, Raimundo Bastos, Padua Barroso e José Blanchard Girão Ribeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário