CALEIDOSCÓPIO

ALCAGUETES, OU MELHOR, DELATORES PREMIADOS

Em tempos passados, o hoje delator premiado era tido como ser da pior espécie, um safado saco furado. Todos na sociedade de então o apontavam como um miserável de caráter, um falso que não sabia guardar segredo. Enfim, uma pessoa desprezível. Um Joaquim Silvério dos Reis que foi o traidor da célebre Inconfidência Mineira. Era um Judas Iscaiotes que entregou Jesus às forças do Consul  Pilatos. Os tempos mudaram.  Hoje, pelo que se tem observado na Operação Lava-Jatos, por exemplo, são até vistos como excelentes colaboradores para se desvendar fatos de porão. Os que fizeram parte das últimas roubalheiras contra os cofres públicos e que se dispõem a entregar os que com ele fizeram parte da sujeira, são regiamente premiados nas sentenças a que foram condenados. Aliás, Silvério dos Reis, também foi premiado pelo império, mas recebeu a execração pública do povo.  Sabe Deus se tudo que dizem é verdade verdadeira. Mas, para os investigadores, a “colaboração” aceita é benvinda. Um caminho para alcançar outros delinquentes e recuperar pelo menos boa parte dos que foi subtraindo. No fundo, no fundo, é demonstração de incapacidade investigatória por outros caminhos legais. Ora, o criminoso quer se salvar, pelo menos em parte, dos seus assaltos, dos seus malfeitos. E a recompensa é muito boa. Redução da pena de 20 para quatro anos, em casos já concretos, com as regalias de uma redução da forma de cerceamento da liberdade ano a ano se diluindo. Depois de 4, 5 anos estarão definitivamente livres.  Pernas para o ar, que ninguém é de ferro...Sei não. Na realidade a delação é legal, mas premiada do jeito como vem acontecendo é um tapa na cara de quem pensava que o julgado pagaria com rigor pelo que fez. Como vem ocorrendo, porém, o crime compensa. Ressalte-se que mesmo já tendo sido condenados pelo envolvimento em vários delitos, a condenados ou ainda investigados que não vão ao rés do chão. O petista José Dirceu é um deles, Defende-se das acusações, mas não entrega ninguém do seu partido. Até agora demonstra seu caráter de não delator. Merece respeito sua atitude neste sentido.

PAIXÃO E FUTEBOL

Com razões sobradas, o Grêmio de Porto Alegre conquistou na última quarta-feira a cobiçada Taça Libertadores. Com garra e brio, a equipe gaúcha venceu o Lanus da Argentina por 2 x 1, “quebrando a castanha” dos portenhos, até agora maiores vencedores da competição. Euforia geral depois do jogo e até agora. Anteontem foi feriado em Porto Alegre e a multidão gremista, acrescida de torcedores outros dos times da terra, comemorou com euforia o notável feito Do Internacional, não, pois seus torcedores querem ver o diabo mas não aplaudem o seu tradicional adversário. A vida é assim. Amor e paixão não se afinam. As desavenças entre as duas torcidas, de resto nos demais rivais de todos os estados, não têm limite. Por enquanto, os apaixonados gremistas estão em cima da carne seca...O que se aguarda é que tudo corra no terreno das gozações.