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sexta-feira, 27 de abril de 2018

UM POUCO DA INTERNACIONALIZAÇÃO NÃO FAZ MAL

Antonella, que assina embaixo, é uma jornalista e escritora, inelectual italiana que, ao longo dos anos, vinculou-se afetivamente ao Brasil, particularmente à Bahia. É, sobretudo, uma querida amiga, que não regateia esforço para, nunca raro, retornar à “boa terra”. Em sua homenagem, estamos transcrevendo belíssima matéria que ela nos enviou e que fala um pouco da Cidade Eterna, das suas coisas, dos seus casos. Faz-me recordar, sem ocultar a tanta saudade, da velha e belíssima Itália, desde a sua Roma (de Rômulo e Remo e das lôbas). Transporta-me a “Trastevere”, considerada como “a cara de Roma” (bairro judáico-romano), ao Campo de Fiori, até a Piazza Navona e à Piazza Spagna onde sempre é de encontrar um inspirado artista a cantar as suas canções, a partir das napolitanas que nos embalam desde o século XIII, quando nasceu e desde quando tomou forma. Circulando pelos acordes tão belos e de tanto sentimento, até nos transportar à alegria da “tarantela”, de cujos primeiros ritmos emanesceram do século XV. Contudo, o período mais importante para a canção napolitana, que é a alma da Itália feita em forma de melodia e versos, diz-se ter transcorrido pelas primeiras décadas do século XIX  para conquistar o universo.
Dalí até o seu renascimento no pós-guerra, quando teve a sua consagração na voz sempre exaltada de Pepino de Capri, o grande destaque da época. Os acordes da velha canção que Nápoli adotou estão gerados pelos trinados do bandolin, do violão, da callacione (espécie de precursor do “baixo”),e no rítmo do tamburelli, do carcaville, do tanorre, estes últimos instrumentos de percussão de fabricação artesanal.
Arvoro-me a estas incursões, com muita ousadia, diante da autoridade e da companhia da Antonella, pelo amor que a Itália conquistou em mim, desde os idos de 1963 e nunca mais me permitiu dele me desvencilhar. Do que me proporcina intenso prazer;
A história que Antonella nos conta mexe um pouco com a nostalgia que me assola sempre que a Itália me desafia. E é em sua homenagem que transcrevo o relato da querida amiga.

UM ENCONTRO DE AMOR ENTRE ROMA E SALVADOR BAHIA: NENEY SANTOS E A IBCM
Um show na cidade eterna de Roma, em nome do amor, da solidariedade, da união entre Itália e Brasil, e em nome da beneficência, com muita, muita música, palavras, cores e sorrisos. Isto e muito mais aconteceu no Teatro romano "San Timoteo", em um concerto idealizado para homenagear Lucas Bispo Dos Santos, filho do músico e percussionista Neney Santos, de Salvador Bahia, que há muitos anos vive na Itália, onde leva a frente a sua profissão, tocando com os mais ilustres artistas italianos. Lucas era um pequeno italo-brasileiro de dez anos, com uma grande paixão para a leitura e para o time de futebol de Roma. Uma criança generosa e altruísta que nos deixou improvisamente o ano passado. E seus pais decidiram, em ato de grande generosidade, doar seus órgãos, contribuindo assim a salvar a vida de muitas crianças que precisam, doando esperança para muitas famílias. Foi por todos estes motivos que este show nasceu. Nasceu para homenagear a memória de Lucas. "Un concerto per Lucas" foi uma grande noite, memorável. Foram muitos os artistas italianos e brasileiros que participaram, por amizade, por amor. E' preciso aqui lembrar alguns nomes famosos entre italianos e grupos brasileiros que se exibiram: Funkallisto, Federico Peixe, Eleonora Bianchini, Micol Arpa,Enrico Bevilacqua, Eddy Palermo, Rio Samba, Audio Magazine, Mistura, Sambrazuca, Comida Boa, e muitos outros. O próprio Neney Santos, anfitrião da noite, apresentou uma música que ele compôs em homenagem ao filho, com titulo "Erê". Um numeroso público italiano encheu a bela sala, muita gente entre adultos e crianças, incluindo amiguinhos, alunos da escola primária que freqüentava Lucas em Roma, com os professores. Participaram, aplaudiram, dançaram e doaram algo que agora, de alguma forma, volta ao Brasil. Pois a noite foi dedicada também, a todas as crianças carentes do Brasil. Neney Santos decidiu fazer uma doação, resultado do show, para o Instituto Beneficente Conceição Macedo (IBCM), que há anos se ocupa em Salvador Bahia de crianças que vivem ou convivem com HIV. O logotipo do IBCM apareceu na tela antes que começasse o show, que foi aberto pelo próprio Neney Santos, junto à escritora e jornalista italiana Antonella Rita Roscilli. Ela falou um pouco da história do IBCM, uma organização sem fins lucrativos que desde 1989 atua na prevenção do HIV/AIDS e apóia as pessoas empobrecidas que convivem com o vírus, moradores de rua, e mantém muitas outras atividades.  A creche (CASA VIHDA) é um projeto que atende e beneficia diretamente 70 crianças em situação de risco social, órfãs e vivendo ou convivendo com o HIV/AIDS. Nesta creche são desenvolvidas atividades comuns como a educação infantil, o reforço escolar e atividades lúdico-terapêuticas, mas também atividades específicas à condição soropositiva das crianças. À frente estão padre Alfredo Dorea e Conceição Macedo, uma enfermeira aposentada, mais conhecida como Tia Conça. Com grande amor, coragem e dedicação, eles se ocupam destas crianças, além de outras importantes atividades. A generosidade de Lucas Bispo dos Santos continua brilhando e, atravessando o oceano, através do papai Neney e das muitas pessoas que na Itália fizeram doações, com muito amor e muita solidariedade, irà direto para estas crianças, em um lindo encontro entre Neney Santos e a creche Casa Vihda do IBCM.
Antonella Rita Roscilli

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