o romantismo de uma cidade patrimônio e um passado que resiste ao tempo |
O mês de maio se revela e desabrocha consigo um dos festejos mais belos do Maranhão, a Festa do Divino Espírito Santo, realizada anualmente em Alcântara, cidade patrimônio histórico nacional desde 1948. A cidade possui 368 anos, desde a sua elevação à condição de Vila, em 1648. Alcântara detém uma rica história, mesclada pela riqueza, pelo esplendor da aristocracia rural e sua decadência, bem como pelo sofrimento dos indígenas, primeiros habitantes do lugar, expulsos pelos portugueses, e dos escravos, trazidos à força da Mãe África, verdadeiro braço que moveu a construção civil local.
A festa começou anteontem, 24, com o ritual do levantamento do mastro do Imperador, que é simbólico. O mastro foi transportado por vários homens, e percorreu todas as casas dos festeiros até ser fincado definitivamente na praça da Matriz. Ao longo do festejo, sucederam-se missas, ladainhas, salvas de caixas do Divino, visitas dos cortejos da Imperatriz e dos mordomos, com distribuição de licores, doces de espécie, chocolate quente, bolos e refrigerantes, ao som de uma animada banda de música.
A herança arquitetônica da cidade advém, sobretudo, dos séculos XVIII e XIX, e é tal patrimônio que tem atraído milhares de turistas de todas as partes do mundo, que chegam ali em busca de contato com um passado que ainda resiste nos casarões, nas fontes, nas igrejas e nas muralhas da cidade monumento nacional.
Alcântara possui luz própria, o que garante a sua permanência como referencial turístico e cultural. Facilmente alcançada após pouco mais de uma hora de percurso em embarcações (barcos ou lanchas) que rasgam a baía de São Marcos a partir de São Luís, a cidade é hospitaleira e festiva. Possui alguma estrutura hoteleira, bares e restaurantes atendem à demanda turística, as praias são limpas e pouco frequentadas, o que garante passeios paradisíacos, e a vida noturna oferece, para quem gosta, o reggae, ritmo obrigatório no local.
Passear pela cidade nos remete ao passado, numa época romântica cujo testemunho se revela no patrimônio arquitetônico construído e ainda preservado da cidade. Por entre as ruínas de prédios imponentes e de tantos outros ainda em pé, o pelourinho, as fontes, os poços, as igrejas servem de cenário à festa do Divino Espírito Santo, que faz soprar sobre a cidade monumento uma aura de esplendor e de beleza que encantam por transpirarem pura magia. A velha Tapuitapera (antiga tapera dos tapuias), tomada pelos tupinambás, visitada pelos franceses, colonizada pelos portugueses e erguida com o braço africano se veste luxuosamente para movimentar toda a comunidade e receber visitantes no seu festejo mais tradicional.
Em Alcântara, devido à sua exuberância e beleza, acompanhada pelo indispensável tempero da fé, essa manifestação de raiz religiosa representa uma das mais importantes expressões culturais de cunho popular de todo o estado do Maranhão. (Gutemberg Bogéa – Abrajt/MA)
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