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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A ALMA CIGANA E MOURISCA NA PLASTICIDADE DO FLAMENCO

O FLAMENCO EMANA DA AGITADA AFIRMAÇÃO - Uma confluência de culturas gerou ao mundo uma das mais expressivas demonstrações da arte cênica: o FLAMENCO. Em todo o espaço que ocupa inteiro a leste da Península Ibérica, confronte a Portugal, a Espanha guarda entre as suas mais belas e legítimas atrações esse misto de música e dança, de acordes vibrantes, meneios sutis e elegantes de todo o corpo, até o agitado movimento dos pés a sonorizar os tantos tablados onde se exibem.
Nunca raro os movimentos, diria até, “dengosamente sutis” das mãos dos bailarinos dão o contraponto a batida nervosa do dedilhar na guitarra exuberante. O FLAMENCO projeta-se tanto na articulação dos corpos quanto na execução fantástica e extremamente sonora das guitarras “flamejantes”.
ORIGEM DE MÚLTIPLAS NACIONALIDADES -  Na realidade, o FLAMENCO tem a sua origem identificada em manifestações das culturas cigana e mourisca, mas com forte influência árabe e judaica, segundo os estudos que o identificam no contexto cultural do universo. Na fixação e contestualização do seu surgimento e desenvolvimento na própria Espanha, a região da Andaluzia é onde mais se afirma a consagração do FLAMENCO.
Em verdade, essa expressão decantada da alma musical que pontilha nas noites ibéricas, a par do festejado aplauso que marca o sucesso de sua existência para o mundo, obteve o reconhecimento universal através da decisão, em 2010, pela Organização das Nações Unidas, via UNESCO, como “Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade”. Esse título constitui o reconhecimento da sua excepcional importância para o mundo.
EVOLUÇÃO DO CANTO, A SONORIDADE DEDILHADA, ATÉ AS PALMAS - No início, o FLAMENCO se constituía tão somente da interpretação vocal dos tons organizados nas composições. Aos poucos outros elementos foram se juntando, atraídos pela força da inspiração. Assim que se agregaram as cordas fremidas dos violões ou guitarras. Depois as agitadas marcações das palmas. Veio, então, o sapateado que dá “voz” fremente aos tablados. Seguido da dança meneada e extremamente elegante, que compatibiliza a articulação de braços e mãos a movimentação das indumentárias muito características.
Vale lembrar que todas essas virtudes valem para os atores masculinos e femininos, uma vez que homens e mulheres alternam-se ou se mesclam nessa evolução sincopada. Da mesma sorte como se deve evidenciar que as evoluções ocorrem em apresentações de números individuais ou coletivos.
Na nervosa articulação das mãos, um “instrumento” aliou-se ao conjunto dos atributos, para se consagrar definitivamente como o próprio símbolo dessa dança, mais que nacional da Espanha, porque universal diante da sua importância: a castanhola. Na evolução do FLAMENCO, a castanhola passou a integrar definitivamente o conjunto de apetrechos destinados a sonorizar a apresentação. E se alternando com as palmas nervosas a segurar o ritmo.
A MÚSICA É REFLEXO DA MISTURA DE INTENÇÕES - A música Flamenca, além de tudo, reflete o estado da alma, como um espírito desesperado, uma luta, a esperança, o orgulho e a própria festa noturna que materializa. Para os leigos, não é fácil a identificação. Mas o FLAMENCO subfragmenta-se em três categorias, a saber: o JONDO, que é a sua forma mais tradicional e que significa profundo, denso, ou pesado; o CHICO, que são todas as formas do espírito festeiro com as “bulerias”, “rumbas”, “tangos” e “alegrás”; e o INTERMÉDIO, que se encontra entre as duas categorias anteriores.
É de se ater, também, de que, aos instrumentos guitarra, violões e castanholas, junta-se um outro muito característico do FLAMENCO, que é o “cajon”, uma caixa de madeira que, da mesma sorte que as castanholas, ocupa-se da percussão.
A ARTE DO CANTO E DO BAILADO -  Hoje, são muitos os nomes que, na Espanha e no mundo, são exaltados como o “top” da excelência do FLAMENCO. Mas a sua maior expressão, como instrumentista, sem dúvidas, é o consagrado PACO DE LUCIA, que corre o mundo a exibir a sua apurada qualificação, seja na manipulação da guitarra flamenca Jondo, da guitarra clássica e mesmo da contemporânea.
Mas, em Madrid, são tantas as casas onde o puro e sofisticado FLAMENCO é exibido, tais o Café de Chinitas, Las Carboneras, Tablao Flamenco Las Tablas, Taberna Flamenco El Cortijo, Corral de la Moraria, Tablao Flamenco La Quimera, La Cueva de Lola, dentre uma infinidade.  
E a noite madrilena é, por isto, mais rica.

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