Surpreendeu a toda a comunidade turística de Salvador e da Bahia a notícia do fechamento próximo do BAHIA OTHON PÁLACE. Um dos primeiros hotéis 5 estrêlas construídos na capital baiana, o Othon deverá encerrar as portas para os seus 284 apartamentos no dia 19 de novembro. A notícia foi, oficialmente, confirmada pela direção do hotel inaugurado em 1974.
A notícia surpreendeu inclusive aos seus 240 funcionários, que desconheciam essa possibilidade. Segundo informações, a decisão parte do Conselho Diretor do Grupo Othon. No entanto, segundo se afirma, não será somente a unidade baiana que estará cerrando suas portas, mas também a de Belo Horizonte está na mesma condição.
Até o gerente geral do Bahia Othon Pálace, Albano Theodoro, embora afirmando ter conhecimento da decisão, não sabia informar se o fechamento seria apenas para reforma ou se definitivo. O surprendente é que o Bahia Othon Pálace, no momento, é o terceiro hotel baiano com maior ocupação média, 71,04%, do que se depreende que essa não deve ser a causa de decisão tão radical.
Ocorre, inclusive, que, no fim de semana do “feriadão” do dia 12 de outubro, a ocupação hoteleira em Salvador esteve quase toda com lotação completa, 100%.
Essa decisão está inserida, inclusive, no fato de que Salvador é a segunda capital do país, entre as que sediaram a Copa do Mundo de 2014, que registrou a maior quantidade de fechamento de hotéis nos últimos quatro anos. A ABIH-Bahia promoveu um estudo em que o levantamento indica ter, desde aquele ano e até o mês de agosto passado, fechados 21 emprendimentos hoteleiros.
A começar pelo tradicional Pestana Bahia Hotel que, por muitos anos, esteve com a bandeira Méridien, sustentando os seus 433 apartamentos, e que já lá se vão três anos desde o seu encerramento. Segundo dados da entidade hoteleira, cerca de 30 mil empregos já foram eliminados na capital baiana em toda a cadeia produtiva do turismo. Mesmo assim, hoje, ainda mais de 200 mil empregos são gerados pelo turismo local.
No entanto, o número de leitos que é gerado pela hotelaria, hoje, foi reduzido em 5 mil, dos 47 mil que estavam disponiveis antes da Copa. Quando falamos na redução dos empregos, também são incluídas outras empresas, como as agências de viagens que, da mesma sorte, já cerraram suas portas. Das 200 que funcionavam, hoje devem estar restando cerca de 150.
A ABIH-Bahia, como consequência dos seus permanentes estudos sobre a atividade no Estado, entende que essa situação é decorrente da alta carga tributária que incide sobre o funcionamento hoteleiro, bem assim pela ausência de políticas de incentivo e promoção pelo Governo do Estado. Indica da mesma sorte, a falta de regulamentação dos aplicativos de reservas de hospedagem em residências, ao lado da falta de segurança pública. A tudo isto estão inseridas a infraestrutura nacional, bem assim as altíssimas tarifas do transporte aéreo.
Outras entidades como a Salvador Destination, a Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação, o Sindicato dos Empregados em Hotéis, Bares e Similares, e a Câmara Empresarial do Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo da Bahia, entendem que o grande incentivo que foi concedido para a construção de novas unidades hoteleiras antes da Copa, bem assim a falta de maiores investimentos do país, sobretudo na promoção dos diversos destinos nacionais, são alguns dos fatores, igualmente, que estão inferindo na desistência de funcionamento daqueles estabelecimentos.
Segundo afirmam, inclusive, não houve estudo de viabilidade para que os novos estabelecimentos fossem implantados. Apenas se agiu no êxtase da realização de mais uma Copa do Mundo no País. Por demais, o fato da própria Embratur destinar tão somente US$17 milhões para a promoção do turismo brasileiro no exterior.
Comparativamente, vê-se o quanto o país está distante de uma realidade, em busca do seu desenvolvimento econômico, ao se atestar que países como o México reservam no seu orçamento nada menos do que US$470 milhões. Bem assim o Peru, aqui vizinho, que contempla US$70 milhões com o mesmo objetivo.
Na conformidade das pesquisas que informam os estudos daquelas entidades, dos 404 hotéis que ainda estão em funcionamento em Salvador, cerca de 401 estão trabalhando no “vermelho”. Embora a situação da ocupação deste ano tenha melhorado consideravelmente. Sobretudo neste segundo semestre.
Mesmo assim, ainda este ano, dois novos hotéis foram programados para inaugurar na capital da Bahia: o Fera (que reformou totalmente o antigo Pálace Hotel, na Rua Chile – Centro Histórico soteropolitano) e o Fasano (que igualmente reformou o antigo prédio do Jornal A Tarde, na Praça Castro Alves, também, Centro Histórico).
Um fator que, nos útlimos anos vem, igualmente, sendo apontado pela comunidade do turismo baiano como determinante do baixo índice de visitantes na cidade, é o fechamento do Centro de Convenções, o que suprimiu a programação de inúmeros eventos nacionais e internacionais. Pelo menos, já foram iniciadas as obras do CC que está sendo construído pela Prefeitura.
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