Dedé Monteiro será homenageado |
São José do Egito ganha feira literária dedicada a poetas, glosadores, repentistas. A 1ª Feira da Poesia Popular do Pajeú é promovida pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e está sendo realizada desde ontem, com término marcado para amanhã, na rua João Pessoa, centro da cidade. O objetivo do evento é difundir a produção da cultura popular do sertão do Pajeú.
Oficinas de xilogravura e estêncil, mesas de glosa, contação de histórias, atrações musicais, mesas de bate-papo, exposição e lançamento de livro fazem parte da programação da feira que conta com o apoio da prefeitura de São José do Egito e de outros municípios da região.
Situada a 400 quilômetros do Recife, São José do Egito é conhecida como capital nordestina da poesia e tem em seus habitantes potenciais poetas do improviso, sejam eles anônimos ou famosos como Lourival Batista Patriota (1915-1992), Manoel Filó (1959-2015) e Dedé Monteiro. Esses dois últimos serão homenageados da feira. Dedé, inclusive, carrega o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, concedido em 2016. Cada um deles ganhará uma mesa com a presença de parentes e poetas falando da trajetória de ambos.
Ao final de cada uma das três noites do evento, seis poetas vindos de quase todos os municípios que compõem o Sertão do Pajeú (Itapetim, Brejinho, Tuparetama, Tabira, Afogados da Ingazeira, Solidão, Ingazeira, Iguaracy, Serra Talhada e Triunfo, além de São José do Egito) participarão de mesas de glosa (composição poética em dez versos construída de improviso a partir de um mote). O conteúdo das mesas será transcrito e transformado em livro a ser publicado pela Cepe, com lançamento previsto para janeiro de 2020, durante a Festa de Louro, para celebrar os 105 anos do poeta Lourival Batista.
As mulheres poetas do Pajeú: Isabelly Moreira (São José do Egito), Mariane Alves e Jéssica Caetano (Triunfo), Sara Cristóvão (Tabira) terão seu lugar de fala garantido em mesa com a revista Continente, da Cepe Editora.Os aboiadores Paulo Barba e Jairinho Aboiador farão apresentação tocando as toadas típicas do Sertão para tanger o gado.
POESIA POPULAR - A feira foi aberta com a exposição Pelos Sertões, do artista paraibano radicado no Piauí Marcos Pê, conhecido pelos quadros figurativos de poetas. Ao lado dos desenhos impressos em madeira o artista coloca poesias dos glosadores e cantadores. Houve roda de diálogos debatendo a poesia na educação. Em São José do Egito, é Lei Municipal ensinar poesia popular nas escolas. Na programação, os diálogos com os poetas Antônio José de Lima e Antônio Marinho mostrarão que a poesia está diretamente ligada à história da cidade.
Reza a lenda que basta beber a água do Rio Pajeú para virar poeta, visto que há séculos foi enterrada uma viola dentro do rio. Mas a história conta que o baião de viola chegou ao Pajeú na época da colonização portuguesa e traz influência dos mouros e muçulmanos. Conta-se que as chamadas Rodas de Glosas tiveram como palco as mesas de bares e botecos ocupadas pelos boêmios, sem nenhuma organização prévia.
Durante a feira o lançamento do livro de poesias vencedoras do Concurso de Poesia Popular de São José do Egito - Poesias Premiadas - Volume 1, que selecionou poesias nas categorias Quadras, Sextilhas, Sete linhas, Décimas e Décimas com mote. O dinheiro arrecadado com a venda da publicação financiará o custeio da próxima edição do concurso.
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