A experiência de tantos anos – algumas décadas – dedicados à divulgação do turismo, no Brasil, permitiu-nos, por evidente, a identificação de inúmeros obstáculos que, estranhamente, ainda persistem em dificultar o desenvolvimento de atividade tão importante e crucial para o crescimento econômico do país. Essa dificuldade passa desde a insensibilidade de governos, à ausência de investimentos indispensáveis aos projetos equivocados, que impossibilitam um percurso mais racional em demanda ao esperado e justo progresso.
Algumas dessas dificuldades situam-se na esfera da carência de acessos mais consentâneos a necessidades dos deslocamentos dentro dos extensos limites físicos do nosso território. Evidente que as duas principais formas de movimentação neste país gigante que se denomina de BRASIL são as vias aéreas e terrestres.
Tomando-se por ponto de partida as condições naturais de que dispõem os viajores compulsórios, como eu, identificam-se como dificuldades naturais o alto custo dos deslocamentos aéreos. Uma política inadequada não consegue interferir positivamente, de cujos resultados resultem condições mais ajustadas às possibilidades dos usuários.
A par do alto custo das viagens aéreas, pontificam, ao longo dos anos, inquestionáveis ausências de ajustes no poder público, no sentido de preservar a continuidade de atuação de empresas que se afirmam, não simplesmente, como eficientes, mas indispensáveis à elevada qualidade do sistema.
Refiro-me a episódios – pelo menos três na história contemporânea do país – que, embora incompreensíveis, marcaram de modo lamentável no desenvolvimento da aviação comercial brasileira. Foram eles os fechamentos da PANAIR DO BRASIL, da VARIG e da VASP. Quem, como este escriba, vivenciou a época de atuação das três, não terá dificuldade em reconhecer a excelência de comportamento que marcou o transcurso das suas atividades, enquanto puderam sobreviver.
Pelo menos duas delas – PANAIR e VARIG – constituíram-se, indiscutivelmente, em companhias modelares, não simplesmente para as nossas carências tupiniquins, mas pelo reconhecimento e proclama expresso do mercado internacional. No entanto, apesar do extraordinário nível de suas qualidades, não lograram receber do poder público as atenções indispensáveis para o contorno de suas dificuldades. Não existe uma política adequada que busque preservar o sistema.
E sucumbiram.
Vive assim, e então, ao sabor dos seu próprio desígnio, a aviação comercial brasileira, ou melhor, sobrevive da sua própria sorte.
A par disto, busco aqui um enfoque que perpassa pelos caminhos terrestres os quais nos fazem interligar entre as diversas regiões. E nesse enfoque, não há como deixar de reconhecer que somos ainda mais carentes de uma política agressiva e direcionada a qualificação das nossas rodovias.
Ainda fatos históricos nos remetem aos equívocos identificados na política desenvolvida pelo tão exaltado ex-Presidente JUSCELINO KUBITCHEK DE OLIVEIRA. Ao lado da sua criação maior que foi, sem dúvidas, Brasília, pecou irrecorrivelmente, na tentativa de implantar um projeto de desenvolvimento industrial brasileiro. Na sua busca pela afirmação definitiva da indústria automobilística, equivocou-se desastradamente, ao imaginar que somente através de rodovias se poderia atingir tal desiderato.
E o que ocorreu? Simplesmente conseguiu dizimar a extraordinária e tão eficiente rede ferroviária que, como consabido, era – como deveria ser – a busca mais inteligente para reduzir as nossas tão ricas distâncias. E tentou implantar uma malha rodoviária como solução.
Ocorre que, ao longo de todas estas dezenas de anos, a sua política no particular não obteve o mesmo entusiasmo dos que lhe sucederam e continuamos com uma deficiente “malha rodoviária”. Senão, que vejam a forma tão lenta como “engatinham” as obras de construção de novos caminhos, tanto quanto a busca de duplicação das estradas existentes. Exemplos flagrantes as BR-116 e BR-101, para não mencionar outras esquecidas pela ação dos governos.
Para consolidar estes argumentos, quero lembrar, de passagem, a experiência que vivi com a minha família, há poucos dias. Apaixonado que sou pelas viagens rodoviárias, demandei a João Pessoa, encantadora capital da Paraíba, onde fui testemunhar a comemoração do primeiro aniversário do “sobrinho-neto-afin” JOÃO. Evidente que utilizamos a excepcional “Linha Verde” que nos leva ao encontro da BR-101, a partir de Estância, em Sergipe.
Ali tem início a desventura. A pretensa duplicação percorre o território sergipano, até a divisa com Alagoas, em situação extremamente irregular. Ao lado do fato de que, já há muitos anos, aquela duplicação não se consuma, é possível testemunhar inúmeros trechos com extensas áreas concluídas mas não incorporadas, de modo incompreensível. Fato que gera “engarrafamentos”, por vezes, monstruosos, com atraso evidente do tempo de viagem.
Mas onde desejo analisar é o trecho que mais se aproxima de Recife. Já quando alcançávamos a região metropolitana daquela capital, nas suas cercanias, um estrangulamento monstruoso que nos obrigou a amargar a lentidão absurda, nos fez conviver com um asfalto tão irregular quanto penoso, tornando inacessível mesmo o seu estado de conservação.
Aquele desconforto nos fez atrasar a viagem em, pelo menos, duas horas. O que nos levou a enviar uma mensagem ao querido “irmão” pernambucano LUIZ FELIPE, revelando a nossa estranheza pela situação. Ele tentou minimizar a questão alegando o engarrafamento como fruto do jogo do “seu” Santa Cruz...!!!
O mais absurdo como pode ser julgada a questão é que os trechos, chegada em Recife e saída para João Pessoa, são da responsabilidade, expressa, do Governo do Estado.
Daí...
Nenhum comentário:
Postar um comentário