BEZERRA DA SILVA
Bezerra da Silva, artista do pagode e do samba, pernambucano mas de grande vivência no Rio de Janeiro, com tempos atribulados de idas e vindas na malandragem carioca, anos depois de muito ralar ganhou fama com reconhecimento na MPB como compositor e cantor de canções retratando a boêmia, principalmente dos morros. Até aí, tudo bem. Mas trecho de uma sua composição nos últimos tempos vem sendo repetida, não pelo fato de ser relacionada com os pagodes e estripulias do morro, mas por que muito diz respeito, com exagero até, aos tempos atuais da política brasileira, dos escândalos do Mensalão, da Operação Lava-jatos e outras da espécie. “Se gritar pega ladrão não fica um...” de Bezerra da Silva referia-se aos assaltos e às malandragens dos morros, mas agora o verso é apontado pelos avanços aos cofres públicos, praticados por maus e viciados políticos e seus apaniguados, corruptos e corruptores. É tão grande o número de citados ou já indiciados nas investigações da Polícia Federal que se exagera com a afirmação de “não fica um”. Nas falcatruas, gente graúda e uma arraia menor do Executivo e do Legislativo está na lista do judiciário e da polícia. É um momento muito infeliz este por que passa o nosso país. Quem atira a primeira pedra...?
FESTIVAL DE PARINTINS A PERIGO
Todos somos conhecedores de que estamos vivendo grave crise econômica e financeira, talvez a que tenha maior impacto sobre o desempenho dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais, resvalando em cheio sobre o povo. Estão “quebrados” os cofres públicos. Aperto sem precedentes também vivem as forças produtivas da indústria, do comércio, da agricultura, com consequências graves sobre o número altíssimo de desempregados. Em cheio estão afetados os problemas de saúde, educação e de segurança pública. O poder aquisitivo das classes média e pobre despencou. Pois é num cenário de tal ordem que os nossos valores, entre os quais a cultura, estão sendo diretamente minados. Quer dizer, até o pão e circo está difícil. Estas considerações vêm a propósito da ameaça que paira sobre um dos maiores e autênticos festivais brasileiros, o Festival de Parintins. Justificando corte de verbas, o governo do Amazonas fala que a redução de gastos na cultura vai gerar uma economia de R$ 35 milhões de reais que poderão ser destinados à saúde. Os cortes também vão atingir as áreas de esporte e turismo. É por causa de pensamento assim que o presidente da República em exercício sofre dura campanha, a ponto de desistir de extinguir o Ministério da Cultura. O anúncio do governante amazonense, com muita razão, vem sendo alvo de acerbadas críticas. A começar pelas associações dos bois Garantido e Caprichoso. Diz-se que a medida representará uma “tragédia econômica” para o município de Parintins. Em certo sentido, é verdade. O município ilha e seus habitantes estão umbilicalmente vinculados ao monumental Festival, movimentando uma cadeia econômica que se reverte em impostos também para o estado. É muito problemática, sem a participação do governo, mesmo pequena como é, que a expressiva festa do folclore nacional tenha a dimensão dos últimos anos. Será um banho de água fria no turismo não apenas de Parintins mas do Amazonas e do Brasil. Aguarda-se que o governador do Estado reflita melhor. Voltar atrás no que tem em mente não acarretará nenhum desgaste.
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