Quem visitou Fazenda Nova durante a temporada de espetáculos da Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém (PE), teve mais um motivo para se encantar com as belezas naturais da região de Caruaru (PE), principal centro comercial e de produção de arte e de cultura popular do agreste nordestino. Ao lado da cidade-teatro, em Brejo da Madre de Deus, fica o Parque das Esculturas Monumentais Nilo Coelho. O passeio pela antiga fazenda de 60 hectares pode ser feito a pé ou de carro. Além do turista conhecer a paisagem árida da região repleta de pedras, palmas e cactos, o passeio leva o visitante ao encontro de esculturas gigantes que retratam o cotidiano da região e da cultura popular.
Se o principal atrativo de Fazenda Nova é o maior teatro ao ar livre do mundo, as esculturas retratam outra arte muito comum na região, o trabalho de talhar e esculpir a pedra granito em grandes obras. Assim como a cidade-teatro, o Parque é visita obrigatória para quem faz turismo na região de Caruaru durante a Semana Santa ou fora da temporada de espetáculos da Paixão de Cristo.
As esculturas que entram no roteiro turístico regional são obras de muitos dos 50 artesãos que ergueram há 50 anos as muralhas, torres e cenários da réplica de Jerusalém, onde também prevalece a arte da cantaria (trabalho em pedras tralhadas e esculpidas).
Enormes blocos de granito viraram esculturas entre dois e sete metros de altura e levaram até 3 meses para serem esculpidas. As 37 peças foram agrupadas por temas em nove setores do parque Nilo Coelho. Ao longo do passeio, o turista se depara com gigantescas figuras de homens e mulheres trabalhando na roça e nos afazeres domésticos, como a mulher do pilão; produzindo artesanato, como a rendeira; em atividades sociais, como sanfoneiros e violeiro; e religiosas, como a rezadeira e o beato. Não faltam as figuras do cangaço como Lampião e Maria Bonita, que ainda hoje povoa o imaginário popular nordestino e do rico folclore regional. A disposição das esculturas facilita a compreensão da formação da cultura local e da gente nordestina.
O Parque é resultado da expressão de um povo simples, quer trabalha na pedra bruta as imagens poéticas do som, dos sonhos, dos mitos e dos heróis nordestinos. Os cerca de 50 canteis, artesãos que trabalharam na construção do teatro e das esculturas gigantes eram agricultores que moravam no entorno da Nova Jerusalém e saíram da roça para lavrar a pedra. O mestre deles foi Manoel Cazé, já falecido, imortalizado em um monumento, juntamente com Plínio Pacheco, idealizador do teatro, por ocasião dos 50 anos da Paixão de Cristo.
CARUARU – A inspiração para tanta arte popular é encontrada na Feira de Caruaru. Lá, o turista vivencia formas, costumes e figuras emblemáticas da poesia, música, folclore e religiosidade. As pequenas esculturas de cangaceiro, mulher rendeira e Padre Cícero, entre tantas outras, esculpidas em troncos de umburana de cheiro contrastam com as gigantes de pedra. Ainda em Caruaru, no Alto do Moura, fica o centro de produção artesanal da arte figurativa herdada do Mestre Vitalino, artesão que transformava o barro em miniaturas do cotidiano nordestino.
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