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sexta-feira, 29 de junho de 2018

A COPA ROUBA TODO O NOSSO TEMPO

Este mês de junho para julho tem-nos gerado uma indiscutível “intoxicação”. Três e quatro jogos por dia é, precisamente, a dose perfeita, ajustável para uma intoxicação de futebol. Tenho dito às minhas filhas de que me encontro todo “embolotado”. De tanto ver a “redonda” rolar nos belos estádios russos, dia inteiro.
Excepcionalmente, desta vez vou retornar - neste espaço que me é gentilmente concedido pelo querido “irmão” Zé Carlos - a uns quarenta anos atrás para “tirar uma” de crítico esportivo. Recordando os vinte anos em que militei diretamente na crônica. Àquela época, foi a minha faina rotineira comentar as coisas do esporte, muito especialmente do futebol. 
Hoje, quando me transfiro das poltronas da “tribuna da imprensa” para o sofar de nossa casa, deleito-me na tranquilidade de quem apenas contempla a movimentação na “telinha”. E, embora toda a experiência destas tantas décadas, ainda me surpreendo com específicos episódios.
Um dos fatos que me têm atraído a atenção e, de certa forma, empolgado, é a presença do público nos belos (repito) estádios “soviéticos”. As torcidas apaixonadas não negaram mais esta vez a sua participação expressiva num espetáculo que, conquanto repetido praticamente todos os dias, pelas frequentes competições locais e internacionais, nos tem até mesmo surpreendido. E quase superlotando os espaços que lhes são destinados.
Permito-me contemplar ainda a beleza plástica que proporcionaram aos que foram testemunhas pela televisão as torcidas do Japão e do Senegal. Dois povos extremamente carismáticos, marcados por uma paisagem humana de cores e movimentos, levaram para as arquibandas o que de melhor poderiam proporcionar a um espetáculo extremamente precioso.
Nos seus trajes ricamente típicos, japoneses e senegaleses roubaram a cena e chamaram para a platéia as atenções que, originariamente deveriam está todas destinadas ao quadrilátero verde dos atletas. Especialmente os senegaleses, que homenagearam o certame através das suas cores intensas exibidas no vestuário tão elegante quanto original.
Mais que isto, transpuseram às arquibancadas os sons e rítmos que fazem presença expressiva na sua cultura. Aliando-os ao gingar dos seus corpos, na cadência exultante dos tantos instrumentos apaixonadamente executados. Mulheres e homens, jovens e idosos, transportaram para aquele espaço o entusiasmo e a garra de quem tinha perfeita consciência de estar conduzindo para ali o requinte da alma do seu povo.   
Mas, há um pormenor, de natureza técnica, que me permito analisar. Por ser uma inovação, a mais apropriada, entendo, da presente Copa do Mundo: o emprêgo do “árbitro de vídeo”. Expediente já utlizado comumente em outros esportes, tal o voleibol, vinha sendo uma reclamação de quantos desejavam que as dúvidas naturais que persistem em todas as competições pudessem ser tecnicamente esclarecidas.
O que se supunha, com muita propriedade, era que uma regulamentação clara e objetiva proporcionasse, em todas as oportunidades, a que os lances revistos com muita clareza por diversos posicionamentos permitissem aos árbitros a condição perfeita à interpretação de tantos momentos.
A mim parece, todavia, que não se ajustou ao emprego daquele dispositivo uma regulamentação clara e objetiva que, ao cabo de cada episódio, não padecessem dúvidas. No entanto, o primeiro “senão” que acuso foi a ausência de clareza quanto a quem deveria ser destiada a provocação. Evidente que a mim é sugerido que à parte mais interessada, um dos adversários, pois, caberia a iniciativa de solicitar a comprovação da imagem televisiva. Não é o que se tem testemunhado.
Claro que, também, deveria ter, como no voleibol, limitação. Não deveria ser um expediente a ser repetido tantas vezes quanto as pretensões das partes. Sem falsos “bairrismos” ou “patriotismos”, transponho-me àquele lance do Neimar, quando derrubado dentro da área. Na repetição da imagem, tantas vezes, ficou-me insofismavelmente a certeza de que o que provocou a queda do atleta brasileiro dentro da área não fôra a perna do seu adversário. Mas – vi perfeitamente de modo exaustivamente repetido – sim um dissimulado puxão da sua camisa, à altura do seu abdome, e igualmente dissimulado empurrão com o braço. Suficiente para o deslocar.
Na decisão do ábitro, no entanto – e isto ficou provado no seu gesto, quando do momento em que ele justificou ter assinalado a penalidade – o que o houvera convencido, no momento, da prática da irregularidade, teria sido o emprego de joelho e perna para impedir a progressão de Neimar. Lógico, quando foi buscar a comprovação no esperado “árbitro de vídeo”, tal irregularidade não lhe fora exposta. E ele não observou, porém, ter sido o atleta brasileiro obstacularizado na sua investida com a ação muito dissimulada do braço, reitero. 
Mas um outro fato que me empolgou foi assistir aos atletas senegaleses, de forma exuberantemente artística e singela, substituirem os tantos exercícios de aquecimento antes do jogo por uma dança tão ritmada quando encantadora. Confesso, embasbaquei-me com aquela  natural e tão original espontaneidade.

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