Durante uma semana, o Esporte Clube Bahia, maior força esportiva do Nordeste Brasileiro, comemorou 30 anos da conquista do segundo título de campeão brasileiro, o que ocorreu em plena Beira – Rio, em Porto Alegre, num empate de 0 x 0 com o Internacional, uma vez que, na Fonte Nova, em Salvador, o escore lhe foi favorável: 2 x 1.
Em 19 de fevereiro de 1989, antes do início do jogo final no Beira-rio, os alto-falantes do estádio “berravam” de que “o Inter nunca havia perdido um título em casa!!!…”. Só que ocorreu um pormenor: esqueceram-se os gaúchos de combinar o detalhe com o próprio Esporte Clube Bahia.
Evaristo de Macêdo foi o grande comandante que logrou, com o seu plantel, dar a “volta olímpica” ao estádio, consagrando-se como o único clube nordestino a conquistar o título nacional, o que se mantém até hoje.
Toda a campanha foi eivada de episódios históricos, mas o jogo pela fase semifinal, marcou por um pormenor que permanece até hoje como uma marca consagradora e emocionante: no encontro contra o Fluminense do Rio de Janeiro, na Fonte Nova, o adversário sentiu a força da maior torcida, até hoje, do Norte e Nordeste do país: 110.438 pagantes, récorde absoluto mantido até os dias que correm. Então, o tricolor carioca viu Bobô e Gil comandarem a virada de 2 x 1.
A epopeia da decisão final foi histórica, com outro 2 x 1 no Estádio da Fonte Nova, em Salvador, e o empate consagrador em 0 x 0 em plena Beira-rio, na capital do Rio Grande do Sul.
Feito tão espetacular teria que merecer uma comemoração tão fantástica quanto o inédito acontecimento. Os 30 anos levaram o “tricolor de aço” a reunir em Salvador – Bahia todos os integrantes daquele fantástico elenco, para uma comemoração de cerca de oito dias.
Nos inúmeros depoimentos que todos os membros daquele grupo registraram, ressalte-se a emoção do técnico Evaristo de Macêdo de que, quando viu, ainda a bordo do avião que os trouxe de Porto Alegre, ao se aproximar da aterrisagem, aquela multidão que se postava desde o começo da Avenida Paralela e até o Aeroporto Internacional Dois de Julho – então – experimentou a maior emoção de tantas que catalogou em sua carreira vitoriosa. Sentiu os cabelos eriçarem e o coração acelerar nas suas batidas e pensou: “Meu Deus, o que é que a gente fez?... Foi algo, realmente, inesquecível.”
Entre tantos depoimentos carregados de incontida emoção, o goleiro Ronaldo acentuou que: “A nossa história se confunde com a própria história do clube. Estou muito feliz”. Para o zagueiro João Marcelo, sem conter a emoção: Este é um dos momentos mais importantes da minha vida”.
Na realidade, a recepção que a torcida do tricolor e toda a população baiana destinou ao seu clube do coração, no retorno de Porto Alegre, foi alguma coisa de muito espetacular. Na chegada ao aeroporto, já no final da manhã, uma multidão dificultou sobremaneira a saida do caminhão do Corpo de Bombeiros que conduziu todo o elenco. E no trajeto, desde então e, passando por Itapoã, Placa For, Piatã, Jaguaripe, dali até a Boca do Rio, Aeroclube, enfim até chegar ao centro da cidade, já em horas avançadas da noite, foi alguma coisa realmente de “arrepiar”. O público estimado foi em coisa de mais de milhão.
A atual Diretoria do Esporte Clube Bahia proporcionou uma programação de oito dias, para a qual se esmerou em contemplar todos os aspectos possiveis. A iniciar por conseguir reunir todo o elenco de então: jogadores, funcionários, membros da comissão técnica e diretoria. Estiveram juntos em Salvador para a grande comemoração, a partir do técnico Evaristo de Macedo e do Presidente de então, Paulo Maracajá, os seguintes atletas:
João Marcelo, Edinho Jacaré, José Carlos Queiroz, Pereira, Newmar, Ronaldo, Claudir, Paulo Rodrigues, Rogério, Charles, Jorge Lago, Paulo Robson, Sandro, Renato, Zé Carlos, Osmar, Dico Maradona, Tarantini, Gil, Marquinhos, Bobô e Sales. Daquele elenco, apenas o goleiro Sidmar – que trocou o Bahia pela Portuguesa, no meio do campeonato sendo, atualmente, preparador de goleiros do Fugieda, no Japão – e o volante Sales, atual técnico do Jacobina, não estiveram em todas as comemorações.
O primeiro momento da programação foi o ato religioso de agradecimento, que ocorreu na Basílica do Senhor do Bonfim, onde todos assistiram a uma missa. Seguiu-se cerimônia em que os integrantes daquele grupo receberam uma placa alusiva ao feito e em reconhecimento pela participação. A seguir, todos, inclusive os dirigentes atuais, comandados pelo Presidente Guilherme Belintanni, deram vazão a tanta alegria numa das principais churrascarias da cidade.
Mas, o ponto alto de todo o festejo do grupo foi quando eles subiram ao Trio Elétrico de um dos mais ferrenhos “tricolores” baianos, o cantor Ricardo Chaves, e conduzidos desde a altura do Clube Espanhol e descendo até o Farol da Barra, aderiram à euforia de mais de 70.000 tricolores como eles, para louvar, ao som eletrizante do Hino do Bahia, e dar vazão a tanta euforia.
Ainda nos oito dias de comemoração, o elenco visitou a nova “Fazendinha”, no moderníssimo e recem-construído CT do Bahia. Além de participarem da apresentação do novo “Museu do Bahia” que será erigido na Arena da Fonte Nova, para o qual, inclusive, todos gravaram, em placa, as molduras dos pés e das mãos (no caso dos goleiros), que constituirão a “Calçada da Fama Tricolor”. Além da inauguração, igualmente na Fonte Nova, de um memorial em homenagem ao inédito título.
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