O Centro Histórico de Salvador, na Bahia, deverá contar com um novo e grande hotel, diante da iniciativa do Governo do Estado em conceder ao grupo Vila Galé autorização para elaborar projeto básico de estudo de viabilidade, no sentido de transformar o Palácio Rio Branco, na Praça Municipal (Tomé de Souza), em uma nova unidade hoteleira.
As informações históricas informam que o Palácio Rio Branco, que foi sede do Governo do Estado, teve a sua primeira versão em meados do século XVI, mas é de 1919 a versão como conhecida hoje. Na forma da sua suntuosa arquitetura atual, o Palácio já foi denominado de Casa do Governador. A sua origem, inclusive, é de uma construção em taipa e barro, sendo substituída, mais adiante, por estrutura de alvenaria.
O edifício atual foi construído no estilo neoclássico e “art nouveau”, mas necessitou de nada menos do que seis reformas, durante o seu histórico. Em 1763 a capital do país foi transferida, por determinação de D. José I, de Salvador para o Rio de Janeiro. Foi quando Salvador passou a ser a sede da Capitania da Bahia, tendo o palácio sido ocupado pela administração estadual de então e até 1979.
A sua estrutura abrigou inúmeros hóspedes ilustres, como o caso de reis, rainhas, príncipes, princesas e vários outros chefes de estado. Foram os exemplos de D. João VI, quando rei de Portugal, ser o primeiro que ali esteve com parte da família real. Isto em 1808. Dezoito anos depois, 1826, foi a oportunidade do seu filho, o Imperador D. Pedro I, com a Imperatriz Leopoldina e a Princesa Maria da Glória, que seria a futura rainha de Portugal.
D. Pedro II, com a Imperatriz Tereza Cristina, também ali esteve hospedado, isto em 1859. Já em 1968, a Rainha Elizabeth II, da Inglaterra, foi o último membro de uma realeza que ali esteve alojado.
No entanto, a história revela que, por consequência de uma crise política no Estado da Bahia, o Palácio Rio Branco foi bombardeado e destruído, da mesma sorte como, na oportunidade, foram igualmente atingidos o prédio em que se encontra a atual sede da Câmara de Vereadores, juntamente com a Biblioteca Pública, todos na Praça Municipal (Tomé de Souza). Os canhões foram, então, disparados, na direção daqueles imóveis, das fortalezas de Santo Antônio, São Pedro e São Marcelo.
O Palácio Rio Branco, por consequência, foi alvo do ataque e destruído. Daí a sua reinauguração, depois de reerguido, só acontecer em 15 de novembro de 1919, quando foi adotada a denominação atual: Palácio Rio Branco.
Um dos espaços mais festejados pelos que o visitam é a Sala dos Espelhos, melhor identificado como o Salão Nobre. Está situado no segundo piso e constitui um dos lugares que mais interessam aos que o visitam, diante dos seus originais moveis e da sua decoração que é conservada no estilo Luiz XV.
Durante muitos anos o Palácio Rio Branco abrigou a sede do Governo brasileiro e é exatamente ali que se encontra instalado o Memorial dos Governadores, situação que deve ser conservada mesmo com a transformação do prédio em hotel, inclusive assegurada a continuidade da visitação pública.
Pelas condições estabelecidas pelo Governo do Estado, o grupo Vila Galé, que obtiver a concessão, terá que recuperar e revitalizar o prédio, desde que não modifique a sua estrutura atual. No entanto, deverão ser, também, construídos em anexo três novos prédios.
A autorização, que já foi publicada, determinou dez dias para a assinatura do Termo de Compromisso e mais 90 dias para a conclusão do estudo, com possível prorrogação por mais 30 dias. Se o Governo aprovar e selecionar o projeto, a empresa contemplada terá que, na licitação futura, se obrigar a ressarcir os valores. O valor máximo para o ressarcimento dos estudos não deverá ultrapassar 4% do valor estimado para a concessão.
Caso, ainda, o projeto apresentado pela rede hoteleira Vila Galé venha a ser aprovado, a empresa contemplada irá ampliar de três para quatro empreendimentos no Estado: quais sejam, as unidades de Ondina e Guarajuba (no litoral norte), ao lado do Vila Galé Costa do Cacau que a rede prevê inaugurar até 2021.
É requisito “pétreo” do contrato que o Governo exige que a Galeria dos Governadores, que deverá ser restaurada, continue com livre acesso pela população. Os quartos deverão ser instalados na parte em que, hoje, se encontra a sede da Secretaria Estadual de Cultura.
Esta não será a primeira iniciativa do Grupo Vila Galé em instalar e explorar hotéis em prédios históricos, uma vez que inaugurou, em Portugal, o Vila Galé Collection Elvas – Historic Hotel, Conference & Spa. O que ocorreu em junho passado, aproveitando o antigo Convento de São Paulo, na região lusitana do Alentejo.
Com essa iniciativa, o Governo do Estado da Bahia tem uma nova investida no sentido do aproveitamento de edifícios históricos e tradicionais de Salvador para a ocupação por hotéis, com o objetivo de contribuir de forma altamente positiva para a reestruturação e revitalização do Centro Histórico da Capital baiana. Lá já se encontram o Hotel Fasano, o Fera Pálace Hotel, além do Pestana Convento do Carmo, dentre outras unidades hoteleiras de menor porte.
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