O prédio desperta a atenção por sua beleza e imponência, encanta a cada olhar pela riqueza de detalhes, desde a fachada até a sala de espetáculos. Do lado de fora, vem a admiração pela arquitetura; na parte superior do edifício, atributos das artes, pequenos templos, estátuas representando a história, a filosofia, a deusa, a música e a estátua de Apollo. Dentro da sala de apresentações, as pinturas no teto, o luxo do lustre, o vermelho da cortina, os detalhes das frisas são um espetáculo à parte. No salão nobre, a decoração e os móveis antigos atraem os visitantes. No foyer, várias placas eternizam grandes nomes recebidos e momentos vividos ali. O lugar guarda muitos e importantes capítulos da história da arte e da cultura de Alagoas. Estamos falando do Teatro Deodoro. Muito mais do que um cartão postal. Sua representação, entre os artistas, é como algo sagrado, um templo, um senhor. Para o público, um deleite. Para Alagoas, patrimônio cultural.
Uma das principais casas de espetáculos, palco oficial do estado, chega aos 109 anos de existência. Para celebrar este marco, a Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal) preparou uma semana de apresentações, de 11 a 17 deste novembro, com espetáculos de teatro, dança, música, além de uma oficina para atores, que se inicia e termina antes, de 1 a 13 de novembro, no Complexo Cultural Teatro Deodoro.
O Teatro Deodoro foi construído para materializar o sonho de progresso artístico vivido pela população e os governantes de Alagoas no início do século XX. No dia 11 de junho de 1905, era lançada sua pedra fundamental no Largo da Contiguiba, também conhecido como Largo das Princesas, no Centro de Maceió.
A obra, projetada pelo arquiteto Luigi Lucarini e tocada pelo mestre de obras Antônio Barreiros Filho, foi concluída em 15 de novembro de 1910, marcando os festejos de 21 anos da proclamação da República. A peça escolhida para essa data foi “O dote”, de Arthur Azevedo e, em seguida, o monólogo “Um beijo”, do alagoano J. Brito, encenado pela atriz de renome nacional Lucila Peres.
Em 1914, o Deodoro sofreu com a chegada do cinema, bem como outros teatros do país, sendo arrendado a uma firma comercial e transformado em cinema. Diante da reação dos alagoanos, não demorou a voltar à sua finalidade inicial.
A primeira reforma aconteceu em 1933, ficando fechado até meados de 1934. A ópera “A Toscana”, pela Companhia Lírica Italiana, marcou o reinício das atividades. Entre os anos de 1937 e 1939, foi transformado em depósito. Reincorporado ao patrimônio do Estado, em 1940 voltou às suas verdadeiras funções. O seu Salão Nobre já abrigou a Biblioteca Pública, a Câmara dos Vereadores de Maceió, a Justiça Federal e recepções do governo do Estado, além de servir às diversas manifestações artísticas de Alagoas.
Em mais de um século, o Deodoro recebeu atores, companhias teatrais e grandes nomes da música popular e erudita. Entre eles, Itália Fausta, Cia. Lírica Italiana, Bidu Sayão, Procópio Ferreira, Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, Companhia Eva Tudor, Rodolfo Mayer, Bibi Ferreira, Paschoal Carlos Magno e Fernanda Montenegro, além de Caetano Veloso, Gal Costa, Egberto Gismonti e Arthur Moreira Lima, entre outros.
Entre os artistas locais, o palco já recebeu nomes do teatro, como Linda Mascarenhas, Pedro Onofre, Homero Cavalcante, José Márcio Passos, Otávio Cabral e Diva Gonçalves; grupos como a ATA, Cena Livre e Joana Gajuru; companhias de balé, a exemplo da Emília Clark, Eliana Cavalcanti, Emília Vasconcelos; artistas da música como Leureny Barbosa, Wilma Miranda, Zailton Sarmento, Ibys Maceioh, além de grupos como Clube do Jazz, Orquestras Sinfônica e Filarmônica.
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