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quinta-feira, 3 de maio de 2012

CALEIDOSCÓPIO - UM DRAMA QUE SE REPETE

UM DRAMA QUE SE REPETE

Há séculos, o drama da quase ausência de chuva, da seca cíclica, se repete no Nordeste brasileiro, com o Ceará sendo símbolo maior. Os mais idosos sempre ouvimos falar das secas terríveis de 1777, da   dos três oito (1888), de 1900, 1915, 1942 e 1958,  acontecimentos relatados em publicações e  livros da literatura nacional, com êxodo e morte de centenas de milhares de nordestinos. “O Quinze”, de Raquel de Queiroz, é emblemático. O assunto é recorrente e vem se repetindo através dos anos, com efeitos altamente danosos para os municípios e os que vivem nas regiões mais afetadas, principalmente os pequenos e médios agricultores. A partir de quando a calamidade foi mais visível, os governos e estudiosos sempre procuraram soluções para acabar com o problema, uns com bases científicas e outros com soluções exóticas, como até a de se trazer camelos para amenizar o transporte dos flagelados ou o arroubo do Imperador Pedro II de que venderia a última jóia da coroa a fim de evitar a morte dos nordestinos. Este ano, grande parte da nossa região já decretou estado de calamidade pública, uma vez que as chuvas estão abaixo da média histórica de precipitações . Aí é que vem a frustração, a descrença do povo com a repetição dos mesmos “remédios”, os carros-pipa de um passado não tão distante,  agora acrescentados. Não mais há ajuda do Governo para que desonestos políticos nordestinos montassem os tristemente famosos armazéns que forneciam alimentos aos flagelados  Muita gente ficou rica e garantiu eleição “mamando” do poder público e fornecendo alimentos da pior espécie para saciar a fome do povo nos locais atingidos pela seca. O seguro-safra de agora e mais alguns paliativos são a prova de que só se fala em seca quando ela acontece. É verdade que os tempos são outros. Os flagelados de agora não vão mais para São Paulo de transportes precários como reflete a canção de 1958 dos compositores Venâncio e J.Guimarães: “só deixo o meu Carriri no último pau de arara”. Aliás, de lá estão voltando, pois de qualquer forma, no geral, sem seca, aqui as cousas são até melhores. E também se procura solucionar o problema seca mais objetivamente. O IFOCS, hoje DNOCS, cumpriu seu importante papel na construção de grandes, médios e pequenos açudes. A irrigação, ainda em pequena escala, já mostra que o caminho também é por aí. A transposição de águas do Rio São Francisco está em curso, arrastando-se, servindo ainda como demagógica promessa de construção imediata. No Ceará, o desafio da gestão das águas é realidade, mas com uma malha insuficiente para atingir, principalmente,  o Sertão Central e os Inhamuns, as zonas mais afetadas pela estiagem. Já é um consolo para se acabar de vez com o problema seca. Só se aguarda  é que, para o ano, se o inverno for generoso, os governos federal  e estadual não imitem administrações passados e deixem de lado a política certa da construção de açudes, da gestão das águas armazenadas e cumpram a palavra empenhada de terminar as obras de transposição das águas para o semi-árido de Pernambuco, do Ceará e Piauí. Mirem-se no exemplo Israel, com seus kibutzes e moshaves e exemplar serviço de capacitação e gestão de águas. 

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