Depois de seis anos, sete meses e alguns dias, um grupo de rendeiras de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), está chegando perto de atingir uma meta audaciosa: bordar uma peça de renda de bilros com um quilômetro de extensão.
A renda, do tipo grega, deve ser concluída em 2013. Com mais de 900 metros prontos, a peça está sendo produzida no Complexo Artesanal de Aquiraz, onde deve ficar exposta quando pronta. O objetivo é obter o registro no Guinness Book, o livro dos recordes; meio pelo qual as rendeiras acreditam que vão conseguir atrair mais visibilidde para a arte que fazem.
A renda quilométrica exige a dedicação de nada menos que 40 rendeiras de todas as idades. A almofada de rendar, instalada no centro, nunca fica sozinha: as rendeiras se revezam nas horas vagas para terminar o trabalho.
Uma das artesãs envolvidas, Brena Pires, tem apenas 19 anos, 12 dos quais dedicados à feitura da renda de bilro para ajudar no sustento da família. Segundo ela, assim como a maioria das rendeiras de Aquiraz, mesmo que algumas não trabalhem com artesanato, todas dominam a arte. “Eu aprendi com a minha avó, todo mundo aqui aprende com a avó, com a mãe, com uma tia, com uma madrinha... Todas as mulheres da minha casa sabem fazer (renda), e eu gosto do que eu faço, eu cresci aqui”, conta.
FUNDAMENTAL PARA A ECONOMIA – A tradição das rendas e bordados é antiga no litoral cearense. Em Aquiraz, o turismo passou a mudar a face do município a partir da década de 1980, mas até hoje, a maioria da população vive da pesca e do artesanato.
O Centro, também conhecido como Casa das Rendeiras, funciona desde 2001, com 72 lojinhas que comercializam além das rendas de bilro, filé e renascença; bordados em ponto cruz; redes de dormir; roupas bordadas (boleros, casacos, vestidos, saias, blusas, camisetas e saídas de praia) e iguarias, tais como castanhas e doces.
A renda forma uma cadeia de negócios que depende deste centro. Cada artesã recebe a ajuda de inúmeras outras parentes e amigas, que tecem nas suas casas e repassam para as que têm boxes. Rosimeire explica que essa divisão é necessária para produzir as peças com maior rapidez, já que as peças são feitas à mão e exigem uma dedicação que não se sustenta com o preço das peças.
Um exemplo: uma toalha de mesa para oito pessoas em renascença – a tipologia mais complexa e que utiliza apenas linho, nunca algodão - demanda um ano para ficar pronta, mas é comercializada a R$ 1,5 mil. Mas lá podem ser encontradas peças para todos os bolsos, como, por exemplo, um conjunto com uma dúzia de apoios para copos a R$ 10.
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