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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

CALEIDOSCÓPIO - OS FINAIS DE ANO

Estamos no mês em que todo mundo se enche de otimismo. As agruras do ano, não apenas deste, momentaneamente são até esquecidas na preparação de um Natal de muita fraternidade e um  Novo Ano repleto de esperanças. Vem sendo  assim, neste nosso ocidental mundo. Mas, sempre há um” mas”que nestas nossas mais de oito décadas  temos presenciado uma mudança comportamental em relação às festes de fim de ano. Nos meus antigamente, nos  anos que vão até um pouco mais de 1950, quando nos embalava o “quando partimos, no verdor dos anos,/da vida pela estrada florescente”, e as esperanças iam conosco à frente, naquele tempo,  tudo era expectativa em torno  das festas provincianas que saudavam o término de mais 365 dias. Como eram  bons,  bonitos  e engraçados os congos, os fandangos, os reisados e pastoris. Fim de ano tinha de ter roupa nova para ir à Missa do Galo, na Sé ou na Igreja do Coração de Jesus, que dá nome à praça  oficialmente chamada de José Júlio. A Passagem do Ano era na Praça do Ferreira, onde o povo aguardava ansioso a meia noite para os abraços e desejos de felicidades, ao som estridente dos foguetes. Tudo era de uma beleza ingênua e os namoros ali começavam. Ao final de tudo, voltava-se para casa leve, “cantando o amor febril”,  sem medo de ser assaltado. Os tempos passam, nem tudo se estratifica. A partir da metade do século passado, após a queda da ditadura getulista e do final da segunda Grande Guerra, num passo de mágica os costumes políticos e do povo começaram a mudar. A população da provinciana Fortaleza vertiginosamente foi aumentando e mudando no modo de pensar, de agir. Apareceram os “hippies” com seus encontros “deslumbrantes”, as nossas  musicas tradicionais foram deixadas de lado. Acabaram-se os bazares de música, ponto de encontro da moçada para dançar e namorar. O samba, a marcha, o bolero e a valsa cederam espaço para o rock”n roll”, a salsa e tudo que é ritmo estrangeiro. O ensino tradicional,  com o exame de admissão ao curso ginasial, uma seleção séria,  cedeu lugar para a “evolução” de hoje. Explosão populacional com seus efeitos. Segurança, nem em casa. Os políticos já não são os mesmos.  Têm outra visão do que é público ou particular.  Enfim, tudo mudou. Para melhor?  É, pois, meditando sobre este final de ano que temos muita saudade do passado. “Os desenganos vão conosco a frente/ E as esperanças vão ficando atrás”. Também, vá viver muitos anos...!

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