Por que os fatos acontecem assim, neste nosso Brasil velho de guerra? Tudo na base do humor, das conveniências dos mandantes da ocasião? Desejamos nos referir à condução administrativa dos governos do momento. Para se mudar, via de regra parece não haver um estudo aprofundado dos fatos, dos impactos que a medida pode atingir. Estas considerações nos vêm à mente em razão de mudanças que ocorreram principalmente nos últimos anos e que hoje, tão pouco tempo depois, verifica-se que foram pouco produtivas e quase sempre para pior. Com o extremado “slogan” de governar era abrir estradas, acompanhado dos interesses de países e multinacionais, deram um tiro mortal no forte serviço de cabotagem que tínhamos, ligando as capitais litorâneas no trânsito de mercadorias e passageiros. Aí o transporte marítimo se acabou, praticamente. Desapareceram os navios do Lloyd Brasileira e da Ita. Em seguida, o sucateamento das estradas de ferro e o conseqüente retirada dos trens ligando as capitais aos mais longínquos municípios. Dói falar no papel que os “Maria Fumaça” da RVC desempenharam e poderiam desempenhar até hoje como elo de ligação entre Fortaleza e centenas de lugares, interior à dentro, até o Crato, na zona sul, indo até Teresina, na zona norte. Integração eficiente, barata e alegre que os “gênios” acharam por bem “botar pra escanteio”. Na contra-mão dos mais importantes países do mundo, o Brasil não modernizou sua frota marítima e ferroviária, preferindo abrir estradas de rodagem em todos os sentidos. Sem sombra de dúvida, as estradas, principalmente as vicinais, são necessárias e importantes para maior integração da malha de mobilidade humana e de cargas. Não, porém, com o abandono dos meios de transporte que até então contribuíram para o progresso do país. As rodovias são custosas na construção e custosas na manutenção. Necessárias, mas para que desempenhem o seu papel a manutenção constante não deve ser descuidada, o que não acontece no momento no Ceará, onde a buraqueira notadamente nas BR são um inferno para veículos e passageiros. Vamos a outro ponto. O que levou à extinção da SUDENE, um órgão que estava levando Nordeste, com estudos e ações sérias, ao desenvolvimento? Teria sido a concessão de empréstimos jamais pagos por empresários desonestos? Ou interesse de sempre relegar a nossa região a plano secundário? Não havia a Justiça para punir os malfeitores? E a nova SUDENE, por que de fato, nunca mais atingiu o seu inestimável papel? Também por que extinguiram a LBA, órgão criado na época da segunda Grande Guerra pela primeira dama Darcy Vargas para dar suporte às famílias dos pracinhas e que, em seguida, cumpriu inestimável serviço na área social, de amparo principalmente às crianças carentes e suas mães nos mais longínquos grotões do território Nacional? Por que acabar com tão importante órgão, modelo de organização e prestação de serviços pelos seus assistentes sociais e técnicos? Teria sido pelo fato de falcatruas cometidas por uma presidente que saiu da linha, e não mais tinha respaldo político? Confirmava-se aquela estória do gosto popular de que era mais fácil para o homem traído vender o sofá a fim de resolver o seu problema de cornagem. Felizmente agora, não seguiram a tradição maldita, pois não acabaram com o cargo de Ministro da Casa Civil, alvo de continuadas denúncias pelo menos por parte de três dos seus mais importantes ocupantes, neste década. “Tudo como dantes no quartel-general de Abrantes”, conforme provérbio português.
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