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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

CALEIDOSCÓPIO - TUDO CONTINUA NA MESMA

TUDO CONTINUA NA MESMA
O Ceará, como outros estados do Nordeste, mais uma vez está sendo castigado por uma seca braba, a maior dos últimos quarenta anos. O estigma de eras passadas  continua martirizando principalmente o povo sofrido do sertão. A única diferença de priscas eras é que agora não se está repetindo o quadro das “tristes partidas”, quando em  “paus de araras” os infelizes sertanejos partiam em busca do Sul, na esperança de sobreviverem. Mas o quadro atual permanece  o mesmo, com outra pintura. O gado continua morrendo aos milhares, sem comida e com sede. A população sobrevive do quase nada que armazenou e só não morre também de sede por que a malfadada  indústria do carro pipa aí está fornecendo precariamente água da pior qualidade trazida de reservatórios nada confiáveis. Esta maldição só é maldição por causa dos  políticos que sempre tivemos. Entra século, passa século e, sem solução,  as mesmas calamidades se repetem  aqui e em outras partes deste nosso rico e generoso território pátrio. Lá pelo sudeste são as trombas d'água que ano a ano arrasam cidades,  derrubam milhares de casas deixando outros milhares de pessoas ao desabrigo, vivendo da “caridade”  momentânea  do governo e da solidariedade de muitos. Por que, meu Deus,  tanta insensatez dos governantes? Jeito tem para, se não resolver, pelos menos minimizar ao máximo os dois fenômenos que ciclicamente se repetem. Se de tempos em tempos a  falta de chuva no Nordeste é  prevista pelos cientistas dos estudos meteorológicos, qual a razão de até agora os seguidos governos não terem adotado uma política séria para contornar o problema? Uma política de construção de pequenos e médios açudes,  de gestão das águas, a real transposição de águas do Rio São Francisco e outras providências pertinentes não seria o caminho? Nas regiões em que as cheias ocorrem, também não há meios viáveis para evitar as repetidas tragédias? Certamente a dinheirama que  dia a dia, ano a ano é arrecada do povo brasileiro através dos escorchantes impostos é mais que suficiente para a solução dos problemas que a castigada Mãe Natureza nos impõe. Pelo visto, os governos continuam com outras prioridades, boas e rentáveis para eles e para os  que lhe são fieis. É melhor tapar  o sol com a peneira ao invés de enfrentar problemas cruciais que se arrastam pelos tempos. Finge-se ir  e ao encontro do povo com as bolsas-família, as cotas para classes sociais marginalizadas. Prefere-se dar uma migalha mensalmente para os pobres coitados, mas não se investe realmente numa saúde e educação de qualidade, caminhos que certamente os livrarão de uma  vida menos digna. Sabiamente, um provérbio chinês proclama: “Antes de dar comida a um mendigo, dá-lhe uma vara e ensina-lhe a pescar”. Por aqui, não tem sido assim.  Pelo que se tem visto,  certamente a grande maioria dos políticos abraça a carreira como profissão rentável, exercida por caminhos ínvios  e que pode ser deixada  como herança para a família. Patriotismo, altivez de caráter e conduta correta  não são atributos prioritários para grande legião dos chamados homens públicos. Pão e circo é o caminho. Como dizia Justo Veríssimo,  uma das personagens do nosso Chico Anísio: o povo que exploda...

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