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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

DE LUTO A CULTURA DO CEARÁ: FALECEU MESTRE ANTÔNIO ANICETO

A cultura de raiz do Ceará perdeu na última  segunda-feira, 12, um dos seus mais talentosos valores. Mestre Antônio, o líder da tradicional Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, faleceu na cidade do Crato  aos 82 anos.
O corpo de Mestre Antônio foi velado em sua casa, no bairro de Batateira, no Crato. Ontem,  um cortejo com grupos cabaçais do município conduziu  o corpo do Mestre até o cemitério Nossa Senhora da Piedade,  no Crato, às 11h. O cortejo, acompanhado por uma multidão de admiradores do ilustre falecido passou pelo centro cultural da antiga estação ferroviária RFFSA
Expressando  sentimento pelo falecimento de tão conceituado representante do folclore cearense,  o Secretário da Cultura do Estado, Guilherme Sampaio, disse que Mestre Antônio foi responsável por manter viva uma das mais belas e marcantes expressões da cultura cearense, estando sempre pronto para transmitir conhecimentos e compartilhar histórias e vivências. Assim foi, por exemplo, com os novos integrantes da banda-mirim dos Irmãos Aniceto, reunindo garotos da comunidade, unidos e encantados pelo poder da tradição, da música, da brincadeira. Tudo com a simplicidade e a gentileza que sempre caracterizaram a presença do grupo, em inúmeras apresentações e em eventos especiais, como o Encontro Mestres do Mundo. A opinião é corroborada por todos que conheciam a Banda de que o faledcido era a expressão maior. 
ORIGEM DA BANDA - A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto surgiu em 10 de maio de 1835, tendo como idealizador José Lourenço da Silva (pai do Mestre Antônio). A denominação  “cabaçal” decorre do fato de antigamente os tambores serem confeccionados de pele de bode estirada sobre cabaças. Ou, conforme outra versão, o nome vem de um ritual dos índios Cariris, momento em que tocavam pifanos e queimavam Jurema-preta nas cabaças.
Ainda hoje, os integrantes da Banda, composta por Antônio, seu irmão Raimundo Aniceto e a seus sobrinhos, vinham mantendo  a tradição de confeccionar os instrumentos com peles de bode ou carneiro esticadas sobre enormes troncos de madeira, com o miolo retirado a golpes de machado. Os pífanos são feitos de tabocas.
Os irmãos Aniceto lançaram três discos: o primeiro em 1978, patrocinado pelo Ministério da Educação e Cultura; o segundo em 1999, produzido pela Cariri Discos em parceria com a Equatorial Produções; e o último em 2004, intitulado “Forró no Cariri”, tendo como produtores as mesmas empresas do álbum anterior. Também lançaram um DVD, gravado em 2008, no Theatro José de Alencar, registrando a histórica apresentação da Banda Cabaçal em conjunto com a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho.

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