Pesquisar este blog

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEGALIZAÇÃO DO JOGO

Jornalista Carlos Casaes
 Da Abrajet/BA
De alguma sorte, eu e o Tancredo Naves, contribuímos para o entendimento da autorização ao retorno do jogo. Nunca raro vivenciamos situações inusitadas, tanto quanto inesperadas. O acaso nos trama episódios que nos deixam surpresos, tal a excentricidade por vezes incorporada. Vou recordar de um fato que aconteceu  pouco após a promulgação da Constituição Cidadã de 1988. E tudo quanto aconteceu, então, transcorre em minha mente num piscar de olhos.
Encontrava-me em Poços de Caldas, Minas Gerais, onde iria ocorrer a instalação do Congresso Nacional do Skal Clube do Brasil, na companhia da minha sempre saudosa e lembrada Tereza, além do meu querido companheiro e sócio Antonio Roberto Pellegrino com a sua amada Helena. À noite, preparávamos para participar da sessão de instalação do congresso quando assisti, na televisão, uma entrevista do então Secretário de Turismo de Minas Gerais, jornalista TANCREDO NAVES. Sim, o seu nome era - e ainda deve ser, claro - Tancredo NAVES. Discorria ele sobre um tema que sempre me foi muito agradável: a recorrência do retorno da oficialização do "jogo" no Brasil.
Informava-nos, o Tanceredo Naves, que se encontrava em franca campanha pelo retorno da legalização do jogo no país, notadamente destinado as estâncias. E o seu argumento era sobremaneira consistente, então. Mostrava ele, em um vasto dossiê, que, com a promulgação da nova Constituição, o novo diploma legal havia silenciado sobre a questão do jogo, diferentemente da "carta" anterior que proibia expressamente a sua prática.
Com aquele argumento, Tancredo concluía que as constituições estaduais, que se encontravam em franca elaboração nas diversas assembleias legislativas, poderiam, obviamente, contemplar o retorno da legalização dos cassinos, uma vez que prevaleceria o brocardo de que: "o que não é proibido deve ser, evidentemente, permitido”.
Aqueles argumentos e aquela decisão do Secretário de que estava "trabalhando" os deputados mineiros no sentido de autorizarem, na "Carta Maior" a instalação de hotéis-cassinos nas maravilhosas estâncias hidrominerais das "Alterosas", como ocorrera até, se não me equivoco, 1945. Quando cheguei a sessão de instalação do Congresso do Skal, surpreendi-me com o fato de que a solenidade de abertura seria presidido por outro que não o nosso Tancredo Naves, Secretário de Turismo mineiro de então. Foi aí que a "luzinha" clicou em minha mente e aventei a possibilidade de convidá-lo a vir expor os seus argumentos na Bahia, diante da comunidade turística e dos deputados estaduais daqui. Ato contínuo, pedi o apoio do hoteleiro baiano WALMAR HUPSEL que, a época, era o Presidente da ABIH/Bahia. O passo seguinte foi, ao término da reunião, manifestar o meu propósito do Tancredo que, imediatamente, assentiu ao meu convite. Conseguimos, no retorno a Salvador, apoio de uma companhia aérea e do Salvador Praia Hotel, se não me falha a memória, e trouxemos o Tancredo.
Naquele mesmo estabelecimento, reunimos as lideranças dos diversos segmentos do turismo baiano e apresentamos o Secretário mineiro e sua tese de legalização dos hotéis/cassinos nas estâncias. A seguir, promovemos uma reunião do mesmo com os nossos Deputados, na Assembleia Legislativa da Bahia, aos quais ele expôs o seu projeto.
Recordo, ainda, que, pouco depois, trouxe a Salvador o querido amigo NUNO LIMA DE CARVALHO que, a época, era nada mais nada menos do que Diretor do Cassino do Estoril, em Portugal. Promovi, do mesmo modo o seu encontro com os representantes do turismo e com os Deputados, na Assembleia baiana. Nuno reforçou a tese do Tancredo ao demonstrar que os cassinos, em terras lusitanas, promoviam inúmeros benefícios ao país, inclusive e sobretudo contribuindo substancialmente com as iniciativas no campo social.
Para resumir, com aquelas promoções, logrei ver, pouco depois, a Constituição do Estado da Bahia promulgada com dispositivos que contemplavam a autorização para a instalação de hotéis/cassinos nas estâncias baianas (aliás, como ocorreu, na década de quarenta, no município de Cipó), sensibilizados que foram os nossos legisladores com os argumentos do Tancredo e do Nuno. O extremamente curioso do fato foi que, ao visitar Belo Horizonte em um evento, pouco depois, encontrei o Tancerdo Naves que me injuriou. Alegava ele - evidentemente em termos de "galhofa" - que eu havia "roubado" a ideia dele, conseguindo aprovar na Bahia a autorização constitucional para abertura dos cassinos, enquanto ele, em Minas Gerais, não conseguiu sensibilizar a maioria dos deputados locais que refugaram a ideia. Da mesma forma, em tom de brincadeira, retruquei-lhe que a razão se resumiu a nossa competência no encaminhamento da proposta aqui em Salvador.
Lamentavelmente, a época, a Justiça entendeu diferentemente, e decidiu por manter a proibição dos cassinos o que, tudo indica que, agora, com a emenda constitucional que se constrói no Congresso, finalmente o jogo será contemplado, com a permissão de instalação dos cassinos em hotéis.
Antes tarde do que nunca.
Jornalista Carlos Casaes – Da Abrajet/BA

Nenhum comentário:

Postar um comentário