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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

O INCÊNDIO DO MUSEU NACIONAL - DURO GOLPE NO BI-SECULAR PATRIMÔNIO DO BRASIL

Interior do museu tinha riqueza cultural inestimável
O Brasil e o mundo cultural sofreram na noite do último domingo, 2, um duro golpe. Um incêndio que só pode ser vencido após quase seis horas de lutas dos bombeiros do Rio de Janeiro, destruiu o Museu Nacional. O trágico acontecimento representa um duro golpe na cultura e ciência universal, pois destruiu quase por completo um acervo histórico de valor incalculável, principalmente queimando preciosos dados da formação do nosso país. 
O incêndio começou por volta das 19h30. Os bombeiros tiveram dificuldades em controlar o fogo porque os hidrantes não funcionaram. Foi necessário recorrer à companhia de águas e saneamento do Rio e ainda buscar água no lago do parque nacional onde está o museu.
O Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, como é conhecido, fica instalado no bairro imperial de São Cristovão, zona norte da cidade, e reúne mais de 20 milhões de itens, divididos em coleções de paleontologia, zoologia, botânica, antropologia, arqueologia, entre outras. O lugar já foi residência oficial da família imperial brasileira. Dom João VI inaugurou em 1818 o museu com o nome de Museu Real, que funcionou primeiramente no Campo de Santana, no centro do Rio.
HISTÓRIA - Fundado por Dom João VI em 6 de junho de 1818 sob a denominação de Museu Real, o museu foi inicialmente instalado no Campo de Santana, reunindo o acervo legado da antiga Casa de História Natural, popularmente chamada "Casa dos Pássaros", criada em 1784 pelo Vice-Rei Dom Luís de Vasconcelos e Sousa, além de outras coleções de mineralogia e zoologia.
A criação do museu visava a atender aos interesses de promoção do progresso socioeconômico do país através da difusão da educação, da cultura e da ciência. Ainda no século XIX, notabilizou-se como o mais importante museu do seu gênero na América do Sul. Foi incorporado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1946.
PATRIMÔNIO INESTIMÁVEL - O Museu Nacional abrigava um vasto acervo com mais de 20 milhões de itens, englobando alguns dos mais relevantes registros da história brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, bem como amplos e diversificados conjuntos de itens provenientes de diversas regiões do planeta, ou produzidos por povos e civilizações antigas.
Formado ao longo de mais de dois séculos por meio de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações, o acervo é subdividido em diversas coleções. É a principal base para as pesquisas desenvolvidas m todas as regiões do país e em outras partes do mundo, incluindo o continente antártico. Possui uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras.
ITENS VALIOSOS - Um dos mais importantes itens era um fóssil humano, achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974. Batizado de Luzia, fazia parte da coleção de antropologia. Trata-se do fóssil de uma mulher que morreu entre 20 e 25 anos e seria a habitante mais antiga das Américas.
Outra preciosidade era o maior meteorito já encontrado no Brasil, chamado de Bendegó e pesa 5,36 toneladas. A pedra é de uma região do sistema solar entre os planetas Marte e Júpiter e tem mais de 4 bilhões de anos. O meteorito foi achado em 1784, no sertão da Bahia, na localidade de Monte Santo. Quando foi encontrado era o segundo maior do mundo. A pedra integra a coleção do Museu Nacional desde 1888.
Dom Pedro arrematou em 1826 a maior coleção de múmias egípcias da América Latina. São múmias de adultos, crianças e também de animais, como gatos e crocodilos. A maioria das peças veio da região de Tebas.
TRAGÉDIA MUSEOLÓGICA - A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pelo Museu Nacional no Rio, lamentou em nota o incêndio que começou na noite de domingo (2) e destruiu o prédio histórico. “É a maior tragédia museológica do país. Uma perda incalculável para o nosso patrimônio científico, histórico e cultural.”
No texto, a UFRJ se solidariza, em nome do Instituto Brasileiro de Museus, com servidores e pesquisadores do Museu Nacional, no que considera um triste registro da história.
O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, informou que teve uma reunião com o ministro da Educação, Rossieli Soares, e cobrará do governo federal empenho para reconstruir o prédio e o acervo da instituição, que, segundo o próprio Museu Nacional, tem a maior coleção da América Latina. “Para o país, é uma perda imensa. Aqui temos a nossa memória. Grande parte do processo de constituição da história moderna do Brasil passa pelo Museu Nacional. Este incêndio sangra o coração do país."
INVESTIGAÇÕES - Controlado o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, as equipes de bombeiros entraram no prédio para avaliar as condições da estrutura. O trabalho de perícia e de investigação será conduzido por agentes da Polícia Federal da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio.
Não há previsão para o início da avaliação das condições do prédio nem da perícia, pois há locais ainda com focos de incêndio.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo foi controlado por volta das 3h já da segunda-feira, 3, e os militares fizeram o trabalho de rescaldo em pequenos focos de incêndio que ainda persistem, na tentativa de evitar o reinício das chamas.
Pela manhã, foi possível verificar parte da extensão da tragédia. A fachada foi atingida pelo fogo, desabou o teto e o interior do edifício foi praticamente destruído. (Com a Agência  Brasil de Notícias)

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