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sexta-feira, 18 de outubro de 2019

RESTAURADO O MONUMENTO QUE JÁ FOI O MAIOR DA A. LATINA

Depois de totalmente restaurado pela Prefeitura Municipal do Salvador, foi reinaugurado na véspera de 07 de setembro o “Monumento ao Dois de Julho”, com o qual foi celebrada a Independência do Brasil na Bahia, que se encontra bem no Centro do Campo Grande, a maior praça da capital baiana.
O fantástico monumento constitui a representação de um povo que lutou pela independência diante da Côrte portuguesa. No entanto já foi o mais alto monumento da América Latina, quando da sua instalação. É uma escultura de 25 metros, criado na Itália pelo artista plástico daquela nação, Carlo Nicoli y Manfredini, que era, à época, vice-cônsul do país no Brasil. 
O processo de restauração esteve a cargo do restaurador José Dirson Argôlo, professor da Escola de Belas Artes da Bahia (UFBa). O mesmo que, em 2002 já havia realizado uma outra restauração. Enquanto àquela época as questões se encontravam nas pedras, pias e conchas de mármore, desta feita todos os problemas se circunscreveram ao bronze. 
Desta vez a restauração esteve contida na reposição de peças danificadas e furtadas, limpeza e pintura, bem assim da recuperação de toda a pavimentação, como dos postes e luminárias, em torno.
Um índio empunhando a sua lança está acompanhado de uma mulher que representa a própria Bahia. No lado contrário encontra-se a índia Catharina Paraguaçu que, conquanto não haja participado das batalhas, representa a presença feminina em cada uma delas.
As incursões e tomadas de balsas portuguesas na Ilha de Itaparica, tanto quanto em Cachoeira, no Recôncavo baiano, encontram-se configuradas nos mosaicos. O que também se encontra ali personificado por um velho homem é nada menos do que o Rio São Francisco.  Entre tudo isto estão inúmeros leões que exibem sua força e energia representativa da atuação dos muitos combatentes.
O que constitui uma mácula para o povo baiano é a forma como, algumas vezes, vândalos buscaram desfigurar o grande e importante monumento, que foi vítima de pichação mais de uma vez, chegando ao cúmulo de lhes serem subtraídos nada mais do que até 300 quilos de bronze.
Consciente dos seus compromissos com o patrimônio cultural da cidade, a Prefeitura de Salvador lhe consignou recursos da ordem de R$829 mil, destinados à restauração que transcorreu durante seis meses, num esforço que foi concentrado por 15 restauradores, cuja conclusão permitiu a reinauguração na véspera do 7 de setembro.
La no alto encontram-se, ainda, as asas das águias, o remo do homem que representa o São Francisco e os rabos dos leões, todos recompostos por terem sido criminosa e vergonhosamente furtados. Até do mais alto do monumento, chegaram a subtrair a coroa que encimava a cabeça do caboclo.
O trabalho de restauração foi muito competente, em que, numa primeira etapa as peças foram todas recompostas no modelo em barro, para posteriormente moldá-las em resina e, por fim, fundi-las em bronze. Ao lado de todo esse trabalho, tanto o metal quanto o mármore, objetos, inclusive, da poluição atmosférica e dos dejetos dos tantos pombos que povoam toda a praça, foram rigorosamente limpos através do emprego de microesferas de vidro, que constitui, por sinal, uma tecnologia italiana.
Dado interessante é que toda a estética neoclássica do fantástico e majestosos monumento foi construída nas cidades italianas de Pistóia e Carrara. Posteriormente, o monumento foi transportado nos lastros de navios até a montagem em Salvador.  No Brasil, somente foram concebidas as peças que constituem as bases dos candelabros que vieram da Serra de Itiúba, hoje Município de Itiúba, na região de Senhor do Bonfim. Todos, por sinal, construídos em granito daquela localidade.
Diante da sua extraordinária importância cultural para a capital baiana, o espetacular monumento deverá ser tombado. Pelo menos, essa é a intenção do Presidente da Fundação Gregório de Matos, da Prefeitura Municipal, Fernando Guerreiro, que confirmou a providência imediata.
Porque, na sua interpretação - o que é apoiado por todo o povo baiano - o Monumento ao 2 de Julho é, sem a menor dúvida, o mais importante de toda a Bahia. É que o povo baiano entende que, com a sua recuperação, está de retorno a identidade e a memória da festejada cidade. 
Também foi colocada ao lado do monumento uma placa contendo o QR Code, destinada ao acesso pelos visitantes e moradores a todas as informações sobre o imponente espaço.
Com o objetivo de evitar novas ações predatórias, que venham a provocar tanto estrago na representação cultural de Salvador, o Prefeito determinou que a Guarda Municipal passe a acompanhar a conservação do monumento durante 24 horas a cada dia. 
Um dado muito curioso e importante é que a Praça Dois de Julho, mais conhecida e consagrada como “Campo Grande”, é local de presença dos habitantes de Salvador e do próprio povo baiano. Sobretudo no dia 2 de julho, quando é solenemente comemorada a “Independência da Bahia” – oportunidade em que, por sinal, teve início toda a independência do país – é ocupada durante todo o dia e, por extensão, toda a semana pela população que vai exaltar o “caboclo”, símbolo daquele episódio.    

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