Na quinta-feira da semana passada, 16, o DO da União publicou a nomeação do executivo paranaense Ary Joel Abreu Lanzarin para a presidência do Banco do Nordeste. Entre as credenciais do nomeado indica-se que é funcionário de carreira do Banco do Brasil (Diretor de Micro e Pequenas Empresas), tem MBA formação geral para altos executivos do BB pela Universidade de São Paulo (USP), conselheiro do SEBRAE afora experiência comprovada no que diz respeito ao sistema financeiro do País. Até aí, tudo bem, nada contra a nomeação de pessoa tão gabaritada. Em Fortaleza, surpresa geral nos meios administrativos políticos e empresariais. Como era natural, cogitava-se que para tão importante setor a nomeação recaísse em uma pessoa do Ceará, talvez até do Nordeste, com capacidade comprovada para dirigir órgão da mais alta significação para o desenvolvimento da Região. As reações foram as mais diversas. O governador Cid Gomes disse que “o importante é que o Banco do Nordeste não perca o seu papel estratégico de fomentar o desenvolvimento...”. Para o senador Eunício Oliveira “Não preocupa onde ele nasceu, se no Rio Grande do Sul ou no Maranhão, ou de ele só ter experiência no Banco do Brasil. O que importa é que ele faça com que o BNB invista no que é realmente importante, principalmente no Ceará”. Palavras do deputado federal Danilo Forte: “Eu não sabia da indicação. Fui totalmente surpreendido pela notícia e não conheço o novo presidente do BNB. Eu esperava a indicação de Pedro Brito”. Outro deputado, Raimundo Gomes de Matos, também federal, assim reagiu “Como nordestino e integrante da frente parlamentar da região vejo essa nomeação como um grande desprestígio com a bancada nordestina e com os segmentos produtivos locais”. Finalmente, disse o executivo Lima Matos, diretor de tecnologia da Federação das Indústrias do Ceará: “Eu achava que conseguiríamos nomear um cearense para o cargo, o que seria excelente porque ele já conheceria os problemas do nosso Estado...”. Vamos nós, a várias décadas atentos ao que diz respeito a este Ceará, tão maltratado pelas secas periódicas e, também, por muitos dos seus entes públicos. Não é de estranhar esta falta de consideração do Poder Central para com nosso Estado. Foi-se o tempo em que tínhamos no Parlamento Federal representantes de prestígio e prestigiados e que de fato se impunham. Foi-se o tempo dos parlamentares dos velhos partidos se impondo e trabalhando de fato pelo Ceará, sem amarras maiores com o Governo Federal, não trocando os nossos interesses pelos interesses partidários ou, muitas vezes, pelos seus próprios. Já estivemos na cúpula, até na presidência da República, efetiva ou temporariamente. Também na presidência da Câmara Federal e nos ministérios, às vezes até em dois. Trouxemos para Fortaleza as sedes do BNB e do DNOCS. O Ceará era menor mas seus representantes mais firmes. Agora, estão no Olimpo até estados sem maior expressão eleitoral, como os antigos territórios federais. A hora é do senador Sarney. Há alguma novidade no que afirmamos? Não é recente o “pacote” que beneficia com bilhões de reais para estruturação de rodovias, ferrovias e portos estados do sul e apenas um pouco a Bahia? Não ficaram para depois as nossas maltratadas BRs 116 e 222, a ligação ferroviária Norte/Sul, essencial para o Complexo do Pecém? E a transposição das águas do rio São Francisco que o ex-presidente Lula prometeu inaugurar? E a conclusão da Linha Sul do Metrô que vai a Caucaia? Assim, não admira a nomeação de um técnico do sul para dirigir o Banco do Nordeste. A população cearense sabe disto, mas se acomoda quando vai escolher vereadores, prefeitos, deputados e presidentes da Nação. Está anestesiada.
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