Algumas considerações sobre o movimento diversionista que os órgãos oficiais responsáveis pela organização da Copa do Mundo vêm fazendo contra os hotéis brasileiros. No meu entender, estão querendo achar um culpado por algum eventual insucesso na vinda de turistas para o evento do futebol mundial.
Concordo com Régis Medeiros quando diz que querem desde já um bode expiatório para um possível fracasso. Alegam que os hotéis estão com preços exorbitantes, o que não é verdade, pois os seus preços são ainda inferiores aos que foram cobrados pelos hotéis das últimas sedes da Copa. Esquecem que a empresa contratada pela FIFA para administrar o segmento acrescenta a esses preços uma comissão em torno de 40%. Esquecem também dos longos anos em que a hotelaria nacional amargou tarifas defasadas, baixas ocupações e com verdadeiro heroísmo manteve sua atividade nesses tempos de vacas magras. Em nenhum momento falam das dificuldades de se concluir os estádios, a situação caótica dos aeroportos, quase todos em obras intermináveis e que certamente não ficarão concluídas a tempo. E os altos custos das passagens aéreas oferecidas pelo verdadeiro oligopólio do setor. Isso vem inclusive dificultando o movimento turístico da alta temporada que se aproxima. Uma passagem, por exemplo, São Paulo/Fortaleza/São Paulo que na baixa temporada custa em torno de R$ 1.000,00 sobe para R$ 3.000,00 ou mais, na alta. Na Copa ainda vai subir muito mais. Com a necessidade de se deslocar por distâncias só cobertas por transporte aéreo, imagine-se quanto o turista não vai gastar só de passagens para assistir aos jogos que lhe interessam.
Sobre o preço dos ingressos, a cargo da Fifa, lembre-se que eles vão a até R$ 1.900,00. Recentemente, na final da Copa do Brasil no Maracanã, jogo entre Flamengo e Atlético do Paraná, o ingresso foi de R$ 250,00. Houve uma grita generalizada e até o Ministério Público entrou nas discussões para diminuir os preços. Será que faria isso com os preços da Fifa? E o que dizer da chamada mobilidade urbana, onde os administradores públicos responsáveis pelo setor não se entendem em todo o país? E o quesito segurança, problema que afeta de forma bastante forte o movimento turístico e que levou recentemente a Embaixada dos Estados Unidos a emitir uma nota de alerta a seus cidadãos sobre os perigos do Rio de Janeiro?
Todos esses problemas citados são de responsabilidade do Poder Público que, na impossibilidade de saná-los, busca desde já culpados para o fracasso que se prenuncia, isentando-se de culpa. É necessário que o setor se junte para também desde já se defender do que se pretende contra ele, necessário que órgãos da indústria como ABIH, FOBH, Resorts Brasil e outros tomem a frente desse movimento de defesa, conscientizando e informando principalmente a mídia para fatores outros que não os preços da indústria hoteleira. Aqueles sim, são os verdadeiros inibidores da vinda de turistas durante a Copa do Mundo."
antoniocalabria@rotaviva.com.br
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