Não era nosso propósito nestas mal traçadas linhas tão cedo falar sobre a violência, . reinante como “nunca na história deste nosso país” , na nossa amada pátria. Mesmo sendo assunto recorrente, a violência que domina o Brasil, a ponto da banalização, difícil não ficar chocado com os cruéis fatos ocorridos na Penitenciária de Pedrinhas, em São Luís do Maranhão. São chocantes os registros de presos decapitados e a frieza dos executores no deboche aos crânios dos mortos . Serão pessoas humanas mesmo os autores das chacinas? O que os levou a chegar a tal degradação? Filosofou Rousseau: "A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável”. Estamos com o pensador francês, pois certamente fatos tão degradantes são o epílogo do desapreço da sociedade dos que mandam, dos governos que não respeitam as mínimas prioridades dos mais pobres, dos que se degradam para sobreviver. Qual o futuro de um pobre coitado que nasceu ou vive em verdadeiros guetos onde tudo falta? Sem as mínimas condições para alçar a uma vida normal, sem casa digna para morar, sem educação e saúde e outros requisitos que o conduzam a uma vida digna, certamente o caminho fértil é partir para a marginalidade, uma avaliação inconsciente de punição à sociedade. Tornam-se “monstros” não porque Deus os fez assim. E o irônico e também recorrente é que depois de chacinas que tais os governos fazem visitas a presídios, prometem penitenciárias mais humanas e por aí vai. E a sociedade conivente acredita nas promessas.
A NOSSA MEDELIN - Na tarde do dia 10 último, as autoridades policiais do Ceará forneceram um balanço dos delitos ocorridos no Estado em 2013. Em tempos passados, os números causariam comoção, espanto, estado de choque. Uma média de 12 casos de morte violenta por dia. Quer dizer, a cada duas horas, no ano passado, uma pessoa foi vitima fatal de um ataque violento. No final dos 360 (/) dias, nada menos de 4.462 assassínios. Mas, confessamos, não obstante o impacto das manchetes dos jornais, no momento em que vivemos são mais números estatísticos. A rotina continua. Em todos os finais de semana, as reportagens policiais dão conta de que mais de uma dezena de pessoas foram mortas. As causas são as mesmas. Os acertos de conta pelo não pagamento de drogas compradas, assaltos, vingança... E todos nós continuamos acuados, com o medo à flor da pele, mas sem uma ação firme que leve as autoridades a enfrentar de fato o gravíssimo problema. Estamos entorpecidos pelo novo modelo imposto, em que faliram a educação familiar e a visão de uma sociedade digna. Pelos meios legais, não se reprime como de direito os excessos dos modismos, dos costumes avançados. Não se faz um combate firme aos grandes traficantes das drogas, mascarando as ações na prisão de pé rapados sem expressão, de vitimas drogadas. Minada como está, a sociedade também está entorpecida. Agora, talvez até por causa da visibilidade caótica da situação carcerária de São Luís, o governador cearense anuncia para breve mais três presídios com condições dignas de abrigar os que cometeram delito. É da sua obrigação. Uma providência um tanto tardia, mas que merece loas. Mas elogio mesmo o nosso governador receberia se duplicasse o número de escolas e locais de entretenimento sadio destinados a crianças e adolescentes das classes pobres, onde eles tenham um abrigo quase paterno, com instrumentos favoráveis a se desenvolverem em direção de um futuro que lhes conduzam a uma cidadania consciente dos seus deveres e obrigações. Penso que as saídas para que meus netos e bisnetos se orgulhem no futuro do país em que nasceram serão medidas concretas e saneadoras, na saúde e na educação, na educação, na educação.
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