O GOVERNO DA BAHIA NÃO DÁ APOIO AO TURISMO

Carlos Casaes
ABRAJET-BA

Uma série de situações, de revelações e de declarações estão agitando os círculos profissionais e empresariais do turismo baiano, em razão de atitudes do atual Governador do Estado da Bahia.

A questão decorre desde que, ao assumir o Governo o seu atual titular, as entidades representativas dos diversos segmentos do turismo baiano, integrantes do Conselho Baiano de Turismo, buscaram diálogo junto ao Governador do Estado, para as causas do turismo da “boa terra”.

A questão toda gira em, torno da queda violenta do fluxo turístico nos últimos dez anos, criando uma situação extremamente preocupante. Nesse sentido, o CBTur buscou junto ao governador Ruy Costa levantar uma série de questões que as entidades julgam indispensáveis ao encaminhamento de soluções para que o desenvolvimento volte a figurar no roteiro da atividade.

Alegando que, proporcionalmente, o turismo é a maior fonte de renda e de geração de emprego que figura com destaque no PIB baiano, os profissionais e empresários do ramo entendem que todas as atenções devem ser destinadas pelo Governo. Aliás, como já aconteceu em muitos anos passados.

Inicialmente, a questão se ateve a situação do Centro de Convenções que, interditado pela necessidade de obras de recuperação e conservação, teve suspensa a realização dos importantes eventos, um dos fatores mais determinantes do aumento do fluxo em Salvador. Já desde a administração estadual passada que a questão vinha sendo objeto de reivindicação.

Logo no limiar desta atual administração, iniciou-se um processo de recuperação de algumas áreas. No entanto, um desmoronamento de setores da estrutura do CCB obrigou a sua interdição definitiva e a certeza da necessidade de se construir um novo equipamento.

O atual governador, de início, sem atender as ponderações das lideranças profissionais e empresariais, declarou-se decidido a construir o novo Centro de Convenções em local absolutamente impróprio: o espaço onde, historicamente, encontram-se as instalações dos Fuzileiros Navais. Obviamente a comunidade turística foi contra e se pronunciou, por entender a absoluta impropriedade do local.

Mesmo assim, o Governador, ainda sem observar as ponderações da comunidade turística baiana, mudou de ideia e já revelou que, agora, o seu propósito é de transferir para o espaço onde se encontra o centro de exposições agro-pecuárias que, igualmente, fica distante do centro da cidade e, por consequência, fora do grande circuito hoteleiro, por exemplo.

Como as lideranças reagiram também a essa ideia, o Governador teria revelado que “a hotelaria so está pensando nos seus interesses”, conforme veiculado em jornais locais. As mesmas lideranças, surpresas com tal entendimento, lembram ao Governador de que os interesses dos hotéis são exatamente os mesmos do Estado, pois, se os hotéis registrarem boa ocupação, isto representará fonte magnífica de recursos para os poderes públicos. Além do fato de que o desenvolvimento dessa espetacular cadeia produtiva assegurará o maior volume de empregos por um setor estratégico da economia do Estado.

Aliás, o Conselho Baiano de Turismo encaminhou ao Governador Ruy Costa uma carta em que, em termos veementes e demonstrando absoluta repulsa aos últimos pronunciamentos do Chefe do Estado, reclamam contra a falta de atenção a um segmento que, internacionalmente, é considerado como dos mais importantes para a economia de um país.

Ao lado de todas estas questões extremamente preocupantes, a comunidade turística se queixa também do fato de que os cargos no sistema oficial do turismo do Estado têm sido utilizados como moeda de troca, no encaminhamento dos interesses puramente políticos, deixando de privilegiar os setores técnicos, como já ocorreu em tempos passados quando a Bahia experimentou exultante crescimento.

No que respeita ao Centro de Convenções a comunidade turística tem defendido que seja mantido no mesmo espaço atual, com a construção de um moderno equipamento de convenções e feiras. Há, ainda, quem indique o espaço conhecido como Aero Clube que, embora do domínio municipal, pode ser objeto de um acordo. Esse espaço, além de proporcionar dimensões totalmente satisfatórias tem a virtude de evitar a perda de tempo com a demolição preocupante do antigo CCB e se situa no mesmo perímetro urbano. 

Um autêntico “libelo” contra o governador foi a entrevista concedida a jornais baianos por um dos maiores empresários do turismo brasileiro, Guilherme Paulus, que declarou alto e bom som que “o Governador baiano não apoia o turismo”, fato que teve a maior repercussão inclusive nacionalmente.