Faltam três meses para o Carnaval e quem for curtir
a folia em Pernambuco poderá apreciar de perto o mais novo Patrimônio Cultural
do Brasil. Originalmente de cunho religioso, o Caboclinho pernambucano é uma
das danças mais tradicionais do carnaval pernambucano. A presença dos grupos de
Caboclos, ou Caboclinhos se estende de Alagoas até o Rio Grande do Norte e se
manifesta, nas ruas, desde o final do século XIX. Os grupos mais expressivos,
cerca de 70 agremiações, estão na Região Metropolitana de Recife e a Zona da
Mata Norte de Pernambuco.
O reconhecimento desse patrimônio nordestino
simboliza a preservação da memória do encontro cultural e da resistência dos
povos indígenas e africanos escravizados. A performance artística reúne
elementos de dança e música, com narrativas de guerreiros e heróis. Os grupos
conectam a vida cotidiana ao elemento mítico do caboclo brasileiro. A prática é
marcada por uma forte presença religiosa de raízes africanas e indígenas com o
culto à Jurema e entidades espirituais denominadas Caboclos. As apresentações,
em palcos e no carnaval, atraem visitantes e incentivam a integração entre o
turista e a comunidade.
Os instrumentos musicais são outra singularidade da
expressão cultural. O Caracaxá e a Preaca (em forma de arco e flecha), são
exclusivos dos Caboclinhos. A música apresenta uma sonoridade singular, tanto
pelos instrumentos empregados, quanto pelos aspectos do ritmo e melodia. Como
tantas outras expressões da cultura popular, a tradição é mantida entre as
gerações pela observação e a prática dos mais jovens. A transmissão é feita de
forma oral através da orientação e conhecimentos dos mais antigos para os
jovens. A indumentária e os adereços dos caboclinhos são emplumados e
ornamentados com muito brilho.
Os Caboclinhos integram um conjunto de formas de
expressão culturais características da Zona da Mata de Pernambuco, juntamente
com o Frevo, o Maracatu Nação, o Maracatu de Baque Solto e o Cavalo-Marinho,
todas elas já registradas como Patrimônio Cultural do Brasil. O Frevo, a maior
delas, é reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade. A cultura
popular, além da identidade pernambucana, é uma das marcas do turismo no
estado, bem como a culinária, o artesanato, os monumentos históricos e as
belezas naturais.
RECONHECIMENTO - A aprovação do novo Patrimônio
Cultural do Brasil foi feita na quinta-feira passada (24) pelo Conselho
Consultivo do Patrimônio Cultural, que avalia os processos de tombamento e
registro. O grupo é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura,
turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 23 conselheiros.
Nessa reunião também foram aprovados os pedidos
para tombamento de quatro bens do Rio de Janeiro: os prédios das antigas Docas
Dom Pedro II; do antigo Supremo Tribunal Federal; do Instituto de Resseguros do
Brasil, além de um Lampião situado no Largo da Lapa. Todos os atrativos ampliam
a oferta turística na região histórica e portuária do Rio de Janeiro. (Com o
MTUR).
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