SONHAR FAZ BEM À SAÚDE
Basta, pelo menos por alguns momentos, de tantas coisas ruins. Quem não está saturado – e com medo – dos últimos acontecimentos pavorosos, deprimentes e que nos remetem a estado de quase pânico? O povo brasileiro vive tempos dramáticos. Esta é a razão, pelo menos por alguns instantes, de uma fuga para aliviar o cérebro. Sonho bom faz bem à saúde. Retorno ao passado, às lembranças agradáveis da “aurora de minha vida, da minha infância querida”. Vivi numa Fortaleza inocente, dos anos1925/1940, prenhe de dengues e também de malícias pouco agressivas, com intensidade e descontraidamente enchia o tempo. Pela manhã, aprendi as primeiras letras com a Dona Del, na Floriano Peixoto, indo para voos mais altos na Escola 1º de Maio, na rua Major Facundo, um quarteirão após o fim da linha do bonde “José Bonifácio”, na esquina com a hoje Domingos Olímpio. À tarde e à noite, sai da frente. Como todo menino da época, mal o sol esfriava o jogo de futebol rolava. A bola de meia sofria no areal da rua. Mas quantas surras também levei por que me excedia no tempo da brincadeira? No tempo de chuva, eram os banhos debaixo dos “jacarés” ou nos correntinhos perto da casa do Mundico Moura. As noites eram cheias de brincadeiras, de “cal boi” para os meninos e de “rodas” para as meninas, embebidas no dê ma vé, dê cê. Inocência certamente desconhecida pelos novos nos dias de hoje. Dos tempos de adolescência, aquela do “verdor dos anos”, e de quando me tornei rapaz, também a memória só me leva aos bons fatos. Como é possível esquecer das festas do Marajaig, onde o Anselmo Frazão dava as cartas, bailando airoso como com a sua Ednir? E o namoro arroxado com a..., atrás do campo do Colégio Cearense? Impossível é não ter boas lembranças do homem em formação, na passagem pelo Colégio São Luiz, do dr. Pimentel, que mesmo como governador do Estado dirigia e era professor de Latim do estabelecimento. Também, o meu Liceu do Ceará, em dois tempos, não me sai da lembrança, como aluno e depois como professor. Como adolescente e já adulto, foi no centenário e conceituado Liceu do Ceará que armazenei quase tudo do “capital” que hoje possuo. Como não recordar de colgas alunos como o Leci Vitorino Dantas, César Correia do Oliveira, o Asdrubal Nunes Freire, o Dudu, e até do traquino Edson Queiroz, que lá esteve no 2º ano ginasial? Como não reviver os momentos com colegas professores de tanta nomeada como Otávio Farias, Martinz de Aguiar, Autran Nunes, Boanerges Saboia, Dario Soares, Raimundo Ernâni, Leônidas Magalhães, João Damasceno Fontenele, Odilon Braveza, Aderbal de Paula Sales, Francisco de Melo Jaborandi, Manoel Alves Cavalcante Gomes, Correia de Araújo, Hugo Lopes de Mendonça, Padre João José Cavalcante e Guilherme Müller. Portanto, desculpem os poucos que me acompanham, este “cochilo” me aliviou um pouco das cruezas de agora e serve como um agradecimento ao Grande Pai pela agenda que me impôs na passagem por este Planeta Terra, que agora parece não se equilibrar somente nos movimentos de rotação e translação.
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