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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

CASA DO RIO VERMELHO, UMA VISITA IMPERDÍVEL

Carlos Casaes
Abrajet BA
“SE FOR DE PAZ, PODE ENTRAR” - Foi o lema que prevaleceu durante mais de 40 anos na Rua Alagoinhas, 33 – Rio Vermelho (Parque Cruz Aguiar) em Salvador, o endereço onde foram acolhidas os mais importantes representantes da cultura baiana da atualidade: Jorge Amado e Zélia Gattai. Um espaço que não pode e não deve ser deixado de visitar, sejam baianos ou nacionais e estrangeiros: imperdível.
Aliás, consta da programação de agências e operadoras de viagens, como a CVC que, inclusive, promoveu visita, ano passado, de operadores brasileiros, argentinos e uruguaios. Funciona de terça-feira a domingo (das 10:00 as 17:00), custando o ingresso R$20,00, a exceção das quartas-feiras, quando o acesso é gratuito. Durante o verão, acontecem visitas guiadas entre as 11:00 as 15:00.
SIMPLESMENTE FANTÁSTICAS - As instalações concebidas pelo arquiteto Gringo Cardia resultaram simplesmente fantásticas, dignas da importância dos personagens que são exaltados em cada espaço. E que tem as suas “cinzas” repousando no jardim, ao pé da mangueira e sob a mira do mar do Rio Vermelho, local de preferência de ambos para o “relax” habitual. É onde se encontra, também, contemplativa a escultura de um Exu, orixá da comunicação entre os mundos espiritual e material.
GOVERNO DESDENHOU - A inauguração do novo espaço soteropolitano aconteceu em 16 de Novembro do ano passado. No entanto, levou nada menos do que 11 anos de portas fechadas. Isto porque, o Governo do Estado, ao qual, logicamente, foi destinado o patrocínio da instalação do museu, silenciou por todo o tempo e não deu guarida a desesperada reivindicação do povo baiano.
Inclusive, o Conselho Baiano de Turismo tentou intervir, reunindo-se com um dos netos de Jorge que, na oportunidade, chegou a revelar que outros países se dispunham a acolher o acervo de uma das maiores figuras da literatura universal. Por felicidade, sensível a aspiração dos baianos, o Prefeito de Salvador avocou a responsabilidade e investiu R$6 milhões, num projeto simplesmente maravilhoso.
APROVEITAMENTO INCRÍVEL DO ACERVO - Sob a curadoria de Gringo Cardia, foi concebido um tratamento muito especial as 17 instalações em que está composto o acervo, num labirinto de intensa emoção. No espaço em que Jorge e Zélia viveram 40 dos 56 anos de casados. Objetos e móveis que emolduraram o espaço são dispostos entre projeções de imagens nas paredes, num total de 11 horas de vídeos. São depoimentos de tantos dos seus muitos amigos, bem assim trechos dos seus livros.
Emocionantes são as canções de Caymmi na sua própria voz e na de Maria Bethânia que ecoam pelo espaço, envolvidas em gostosas risadas da famosa quituteira Dadá com as suas receitas, até mesmo a reprodução da voz do próprio Jorge. Os amigos que, como ele, foram integrantes de um grupo da mais elevada casta da cultura baiana estão, igualmente, compilados no contexto.
OS AMIGOS ACOMPANHAM JORGE E ZÉLIA - A casa, por exemplo, encontra-se envolvida por gradis de Mário Cravo Jr., enquanto as portas revelam gravações de Calazans Neto e as paredes empunham figuras de Caribé. Até o azulejo, pintado por Pablo Picasso, o qual se encontra em destaque na varanda. 
Os visitantes podem percorrer os 1.000 m² de infinitos atrativos, onde se destacam, também, cartas trocadas com personalidades nacionais e estrangeiras. Numa tela de cinema, assiste-se a leitura, por famosos, da obra de Jorge em 41 vídeos na “Sala de Leitura”.
Da mesma forma que se pode assistir a “Rota de Conversas”, em vídeos com depoimentos de amigos e familiares em mais de 10 horas de projeções. Na “Copinha de Dona Flor”, vídeos exibem receitas de comidas que marcaram presença nos livros de Jorge. Enquanto Dadá ensina a fazer bolinhos, vatapá, caruru e acarajé, entre outras delícias.
FIGURAS EMBLEMÁTICAS - Nos jardins, também são destaques os sapos de barro. Tanto quanto nas demais dependências, as camas e os móveis. Sobre a cama do casal por exemplo, Gringo faz projetar sombras de alguns dos personagens dos livros de Jorge, enquanto no Jardim também se pode assistir ao vídeo que conta a relação de Jorge com o Candomblé.
Enfim, a “Casa do Rio Vermelho” é uma muito especial e fabulosa atração, entre tantas que a capital baiana proporciona aos seus naturais e aos visitantes.

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