Pesquisar este blog

quarta-feira, 13 de junho de 2018

“NÓS OSSOS QUE AQUI ESTAMOS, PELOS VOSSOS ESPERAMOS”

Por mais estranho e macabro que possa parecer, essa inscrição está aposta no limiar do portal de entrada da, denominada, “Capela dos Ossos”, na Igreja de São Ferancisco, na cidade de Évora, no Alentejo Central de Portugal. Construída no século XVII, a capela e igreja situam-se à praça 1º de Maio e foi construída no estilo gótico.
É um dos mais visitados monumentos de Portugal, capela construída internamente com mais de 5.000 ossos de monges, sendo a mais famosa das seis capelas dos ossos que se dizem existentes no país lusitano. 
A história relata que havia 42 cemitérios monásticos em Évora, no século XVI, ocupando espaço muito grande. Pretendendo proporcinar melhor aproveitamento de toda a área, a solução encontrada pelos franciscanos teria sido extrair todos os ossos da terra e utilisá-los para erguer e “decorar” uma capela.
Foram empregados, então, ossos entre crânios, tíbias, vértebras e fêmures dispostos de tal sorte nas paredes, nas colunas e no teto, numa arquitetura indiscutivelmente macabra, iluminados por faxos de luz que entram por três frestas à esquerda. Todas as paredes e pilares da capela estão revestidos por ossos ligados por cimento pardo. Enquanto as abóbodas encontram-se pintadas com motivos alegóricos à morte.
A inscrição que dá título a êste artigo teria sido o meio pelos quais os monges convidariam as pessoas para que a capela servisse de consolação a uns e de notícia à curiosidade de outros. Afinal, teriam evidenciado a transitoriedade da vida.
Outra e especial curiosidade é que, no fundo da capela, encontram-se pendurados dois cadáveres - um adulto e uma criança. Conta a lenda, como a origem determinante daquela postura, de que teria ocorrido pelo fato de uma mulher ter sido muito maltrada pelo marido e pelo filho. E que, por consequência, quando no leito da morte, ela os teria amaldiçoado, dizendo-lhe algo como: “Quando morrerem, não serão dignos de a terra os comer e os desfazer”. E aquela determinação os teria ferrado com o destino de estarem permanentemente exibidos e suspensos para a execração pública. 
Destinado a criar ainda mais um ambiente de suspense, um sensor de movimento, quando pisado, aciona as luzes que iluminam aqueles dois corpos pendurados estrategicamente.
A capela é constituída por três naves. Cada uma delas tem a dimensão de 11 metros de largura por 18,70 metros de comprimento. Na realidade, a “Capela dos Ossos” é um monumento de arquitetuera dedicado ao Senhor dos Passos, ou Senhor Jesus da Casa dos Ossos. 
Évora, onde se encontra a capela, é a capital do distrito de Évora, e está situada na região do Alentejo Central. Por sinal, é a única cidade portuguesa que é membro da “Rêde de Cidades Européias mais antigas”
E tem por característica, ainda, ser a séde do quinto município mais extenso de Portugal, contando com um território de extensão que marca 1.307,08 km² de área. Toda esssa dimensão está subdividida em 12 freguesias.
Évora é tão famosa que leva o epíteto de “Cidade-Museu”, pelo fato de ser um centro histórico dos mais ricos em monumentos de Portugal. Évora, inclusive, foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO em 1986.
Há alguns anos, quando estávamos em Lisboa por conta de participar da BTL, fomos convidados pelo querido amigo NUNO LIMA DE CARVALHO a jantar no belíssimo salão “Preto e Prata” do Cassino do Estoril, do qual era o seu Diretor (hoje aposentado). E o convite era extensivo a um outro queridísimo amigo e irmão, dirigente de um órgão de turismo brasileiro, dentre alguns outros partícipes.
Ao nosso lado, encontrava-se, também, um amigo proprietário de um dos mais destacados restaurantes daquela bela cidade. Que nos convidou a lá almoçarmos. Entenda-se que Évora fica a poucas horas de Lisboa. Para lá seguimos no dia seguinte. Por evidente, aproveitamos para revisitar os tantos sítios históricos da cidade. Um deles foi, claro, a “Capela dos Ossos”.
Ao alcançarmos a entrada da capela e “descobrir” a inscrição no limiar da sua entrada, o querido amigo e irmão – que a visitava pela primeira vez - deu um freio e se recusou a entrar, impressionado com o impacto daqueles dizeres. Foi necessário a interferência da sua esposa para que ele se dispusesse a visitar aquele curioso monumento. Até porque os ingressos já haviam sido adquiridos.
Foi um momento, deveras, bastante curioso de como tal atração pode impactar aos que lhe visitam. Aliás, bom esclarecer que “Conta-se o milagre, mas não se conta o santo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário