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sexta-feira, 13 de julho de 2018

“E AGORA, JOSÉ?”

À valorosa, imbatível e fiel torcida brasileira, versos do poema 'JOSÉ', de Carlos Drumond de Andrade.
“E agora, José? /A festa acabou,/ a luz apagou,/o povo sumiu,/a noite esfriou,/e agora, Jose?/E agora, você?/ Você que é sem nome,/ que zomba dos outros,/ você que faz versos,/ que ama, protesta/ e agora, José?/ Está sem mulher,/ está sem discurso,/
está sem carinho,/ já não pode beber,/ já não pode fumar,/ cuspir já não pode,/ a noite esfriou,/ o dia não veio,/o riso não veio,/
não veio a utopia/ e tudo acabou/ e tudo fugiu/ e tudo mofou,/ e agora, José?/ E agora, José?/ Sua doce palavra,/ seu instante de febre,/ sua gula e jejum, sua biblioteca,/ sua lavra de ouro,/ seu terno de vidro,/ sua incoerência,/ seu ódio – e agora?/ Com a chave na mão/ quer abrir a porta,/ não existe porta;/ quer morrer no mar,/ mas o mar secou;/ que ir para Minas/ ,Minas não há mais./ 
José, e agora?/ Se você gritasse,/ se você gemesse,/ se você tocasse/ a valsa vienense,/ se você dormisse,/ se você cansasse,/ se você morresse…/ Mas você não morre,/ você é duro, José!/ Sozinho no escuro/ qual bicho-do-mato,/ sem teogonia,/ sem parede nua/ para se encostar,/sem cavalo preto/ que fuja a galope,/ você marcha, José/ !José, para onde?
José somos todos nós que, embora com o gosto amargo da desclassificação na COPA DO MUNDO, já nos encontramos com as nossas armas em punho em demanda ao “hexa” que, um dia, ainda será nosso, antes mesmo do que para qualquer outro.

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