A notícia da que o Governo do Estado da Bahia estaria negociando, com um grupo turístico, a concessão do Palácio Rio Branco para a instalação de um hotel está gerando polêmica em Salvador. De um lado, as entidades representativas da hotelaria baiana e do outro profissionais de outros setores, como da cultura.
A grande questão está em que argumentos sustentam de que a rede hoteleira da capital baiana já está, no momento, saturada, não sendo indicada a abertura de novas unidades. Contrapondo tal assertiva alguns setores culturais entendem que somente haverá vantagens, uma vez que o Centro Histórico da cidade terá preservado mais um monumento, atualmente ameaçado pela não utilização.
Entre os primeiros encontra-se o hoteleiro Silvio Pessoa, Diretor do Grupo de hotéis Sol Express, Presidente da FEBHA e vice-presidente do CNTur. Com fundamento em dados estatísticos, Silvio sustenta que Salvador, hoje, ocupa a terceira posição como maior polo hoteleiro do país, somente vencido por São Paulo e pelo Rio de Janeiro.
Afirma Silvio que Salvador, hoje, conta com uma rede de nada menos do que 404 hoteis, volume que representa 40 mil leitos que, na cadeia produtiva, interage com outros 50 setores da economia baiana. Argumentando com os índices de ocupação registrados nos últimos anos que estiveram muito aquém do desejado, para o equilíbrio econômico.
Fundado nos índices de ocupação dos últimos anos, que estiveram muito aquém do ponto de equilíbrio, somente na temporada de 2018/2019 alcançando uma média entre 60 s 70%. Demonstrando que tais números não são satisfatórios de sorte a que justifique o aumento descontrolado da capacidade hoteleira da cidade, reage à possibilidade de que o Palácio Rio Branco venha a ser destinado a uma nova unidade.
Sustenta o hoteleiro que as atenções do Governo do estado devem estar voltadas para a preservação do equilíbrio da hotelaria, considerando ser um setor que representa uma geração de 7,5% do PIB baiano, somente vencido pelo agronegócio na geração de empregos. E vai além, acusando o Estado de falta de interesse pelo desenvolvimento do turismo, uma vez que, voltando-se contra a sua importância econômica, somente lhe destina parcos 0,14% do orçamento, embora em passado não esquecido, tais índices alcançassem 0,73%.
Lembra, ainda, quer a crise da AVIANCA vem gerando maiores dificuldades para a atividade e que, até o momento, nenhum sinal fosse gerado pelos órgãos governamentais de estarem preocupados com tal situação. Até porque, historicamente, o desinteresse e a falta de prioridade para o setor gerou perdas irreparáveis, como os “hubs” aéreos que deixaram de se instalar na cidade e que foram destinados para Recife, Fortaleza e São Paulo, este com as investidas atuais.
Nesse contexto, argumenta com a perda de inúmeros voos internacionais que estão deixando de gerar um maior incremento de visitantes estrangeiros. Tanto quanto a questão do Centro de Convenções, cuja desativação vem causando prejuízos inestimáveis à atividade turística e, sobretudo, o que é mais grave, à própria economia do Estado. No particular, o Governdo do Estado perdeu numa “queda de braços” com a Prefeitura que já está com a construção do seu Centro de Convenções bastante adiantada, e de inauguração já prevista para o final deste ano.
Em contraposição, setores ligados sobretudo à cultura baiana vêm com otimismo a possibilidade de negociação pelo Governo do Estado com grupo hoteleiro para instalação, no Palácio Rio Branco, de uma nova unidade de alto nivel. Sobretudo e principalmente pela notícia de que, tais negociações, envolveriam a recuperação da mais importante obra de azulejaria portuguesa fora de Portugal e a mais importante obra de arte colonial do país, o conjunto de azulejos do claustro da fantástica Igreja de São Francisco.
Os que defendem esse posicionamento asseguram de que deve ser aplaudida toda a iniciativa que promova alguma atitude concreta destinada a recuperação e preservação do Centro Histórico da cidade, maior conjunto da arquitetura colonial do país.
O Palácio Rio Branco, primeiro Paço dos Governadores construído no país tem a sua origem em 1549, por iniciativa do Governador Geral Tomé de Souza, e foi sede do Governo entre 1549 e 1763, quando a Capital do país foi transferida para o Rio de Janeiro, passando, então, a sediar o governo da Capitania, Província e Estado da Bahia até 1979, quando os órgãos estaduais foram transferidos para o Centro Administrativo, construído pelo Governador de então, Antônio Carlos Magalhães. Desde lá, o Palácio rio Branco acolheu o Gabinete do Prefeito de Salvador, a Bahiatursa, a Fundação Pedro Calmon e, desde 1986 o Memorial dos Governadores Republicanos da Bahia, enquanto lá se encontra, desde 2010 a Secretaria de Cultura do Estado.
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