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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

FICA PRA DEPOIS DA COPA ?

Hélcio Estrella
Depois que o mundo quase todo descobriu que a gestão de aeroportos comerciais andaria melhor se entregue a empresas privadas, o Brasil resolveu que era hora de tirar de campo seu time estatal que criara para a área. A velha INFRAERO envelhecera, criara  muita gordura  - eufemismo para cabide de empregos, entre outros adjetivos depreciativos, o que a impediu de acompanhar a velocidade das mudanças na aviação comercial. Em outras palavras, para preservar seu negócio, acabou prejudicando o mercado, o que se traduziu no arcaísmo da infra-estrutura  dos aeroportos brasileiros, significa dizer desconforto aos passageiros e problemas às operações das empresas aéreas.
 Mas, apesar de tudo a velha INFRAERO continuou a existir e a comandar o sistema de aeroportos , ao ter garantido 49% do capital das empresas que passam a gerir, gradualmente, os terminais aéreos. Ou seja, jogou-se em cima da nova rede, privada, os custos e os vícios da velha rede estatal. Com isso, tudo indica que se nada for feito com coragem, chegaremos aos dois grandes eventos internacionais que precipitaram a decisão pela privatização aeroportuária no mesmo patamar de ineficiência  que tem caracterizado o sistema aeroportuário nacional. Chegaremos à Copa de Mundo e aos Jogos Olímpicos com uma rede de aeroportos aquém de nossas necessidades.
 Agora mesmo , a licitação de um dos mais importantes terminais brasileiros, o Galeão, ficou para ninguém sabe quando, acrescentando  novos atrasos, além dos que já sofreu até agora. Dois motivos . O primeiro deles, por deixar de fora a empresa formada por grupos privados que ganharam a concorrência e ficaram com o aeroporto de Guarulhos. Tentando resolver o problema , modificou-se o Edital,  voltou-se atrás, permitindo que este último grupo concorra à licitação. O segundo, a posição do Tribunal de Contas da União, que não deverá manifestar-se a tempo, dentro de sua velha tradição de atrapalhar as coisas boas que surgem na esfera pública. Apenas para rememorar, no começo dos anos 30 do século XX,  a Argentina saiu na frente ao implantar um sistema aéreo de serviços postais, que o Brasil não conseguiu por obra e graça da burocracia imposta aos interessados ( leia-se Aeropostale/Jean Mermoz ) pelo TCU.
 Há outros problemas mantidos em sigilo. A concessionária de Guarulhos não está satisfeita, embora tenha sido convidada ao ágape das novas concessões aeroportuárias e poderá  ir à Justiça, acreditam alguns escritórios famosos de advocacia, o que atrasará, mais uma vez,  o Edital. E o Tribunal de Contas , apesar de negociar  em segredo com o Governo para um acerto final, a fim de evitar maiores prejuízos ao mercado, gostaria de tirar fora a INFRAERO, contra a decisão do Governo de mante-la nos novos negócios,  garantindo empregos que se tornaram obsoletos. Embora o argumento do Governo seja o  de que com a INFRAERO estará protegendo o grande patrimônio que os aeroportos significam , por trás existe um esforço sindicalista de  garantir os empregos a seus  associados. 
 Assim, o problema deve ser empurrado para o ano de 2014 que, como sabemos, é um ano eleitoral  importante. Reza a experiência, que nessas  ocasiões  assuntos como eliminação de postos de trabalho  bem remunerados, como são os da INFRAERO, não devem ser discutidos. E os aeroportos brasileiros continuam ruins, inclusive os que foram privatizados, que não conseguiram ainda corrigir as distorções em que os encontrou.
Alguém é capaz de dizer como ficará o problema ? 
                                             Hélcio Estrella – Presidente da Abrajet Nacional

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