Faz muitos anos. Certa vez recebi uma correspondência de uma amiga gaúcha, dando conta da felicidade de haver passado o seu último final de semana em agradável local em que viviam umas freiras. Tudo simples, talvez por isso mais envolvente, em meio a um ambiente serrano de rara beleza, justamente ambiente que colaborava para a paz espiritual do lugar. Contou-me a professora de excepcionais em Caxias que poucas vezes vivera momentos de tanta tranquilidade, de paz de espírito tão rejuvenescedora dos momentos corridos do dia a dia. Lá pelas tantas, a amiga Eunice disse que, em meio a tanta paz, chegou a “ouvir o silencio do silêncio”, momento de êxtase pois dizia parecer estar no Paraíso. Romantismo ou pieguice à parte, agora o seu “silêncio do silêncio” leva-nos a refletir sobre o Brasil de agora, sobre o meu Ceará e a minha Fortaleza dos últimos tempos. Estou possuído do sentimento comparativo para meditar sobre a diferença abismal do instante vivido pela amiga sulista. Se ela passara instantes de tanta felicidade, por aqui a paz reinava e o dia a dia era calmo. Infelizmente, nos atuais dias de uma pátria tida como civilizada – abençoada por Deus - o medo nos domina em todos os instantes. Os malfeitores nos atormentam e estão por toda a parte. Nem no recinto do lar se tem segurança. Sair de casa é perigo, de dia ou de noite. Ir a banco é um risco de ser assaltado ou morto. O momento é de perigo em qualquer parte. Audaciosos, “donos do pedaço”, os marginais não respeitam nem mesmo a polícia nas delegacias. Mesmo no convívio com vinte ou trinta pessoas, não se está seguro, principalmente em sítios ou casas afastadas da cidade. Os jornais e demais meios de comunicação aí estão mostrando a crua realidade em que vivemos. Já são lugar comum notícias sobre mortes violentas e assaltos, principalmente nos finais de semana. As medidas paliativas, por mais que sejam apresentadas capazes de diminuir os casos de brutalidades, até agora não surtem efeito, nada resolvem. Os assaltos e crimes de morte aumentam cada vez mais. Diante de quadro tão aterrador, não seria o momento de o povo ir às ruas, seriamente e com verdadeiro espírito cívico, em todos as cidades grandes ou pequenas? Passou da hora de se exigir que o Governo Federal, o Congresso Nacional, a Justiça, os governos estaduais e prefeitos municipais, as forças armadas e os demais órgãos de segurança, sociólogos psicólogos, enfim os responsáveis pela condução do Pais seriamente enfrentem a calamitosa situação da segurança pública no Brasil. Impensável não se resolver logo, logo o seríssimo problema. Será que, com tudo que é moderno hoje, com a alta tecnologia em todos os setores, deixarão que voltemos aos tempos dos trogloditas?
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