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quinta-feira, 21 de junho de 2018

AS DÉCADAS QUE FORAM DE OURO

Evidente que cada indivíduo tem as suas preferências, elege as suas opções, imagina-se vivendo ou ter vivido em oportunidades áureas. No entanto, em virtude das razões que buscarei elencar agora, estou convencido de que as gerações que estiveram presentes nas décadas entre os anos 40 e 90 foram contempladas com o testemunho dos momentos mais exuberantes que o século passado e o início deste – até agora – puderam proporcionar.
E, na análise que me conduz a tal convicção, e levando em conta o espírito comparativo dos momentos, busco textualizar inúmeras situações, diversas contradições, várias deambulações, que me levam à fixação do que me permito configurar.
E nesse contexto, permeio a situação política, os hábitos e costumes comparativos, os padrões morais e éticos, as ações e reações individuais e coletivas, a valorização da famíia, as manifestações artísticas em todos os níveis. Tudo envolto sobretudo na sublimação da inteligência.
No plano político é até, perdoem-me, vergonhosa a ilação. A desenganada “bagunça” a que as lideranças nos conduziram bate de frente com a racionalidade daquelas décadas. Senão vejamos: então, apenas três partidos políticos demandavam as preferências majoritárias dos brasileiros: UDN, PSD e PTB (União Democrática Nacional, Partido Social Democrático e Partido Trabalhista Basileiro). As suas lideranças eram bem definidas, sobretudo na figura emblemática de GETÚLIO VARGAS que inspirou a criação do PTB. Correndo por fora o Bigadeiro EDUARDO GOMES, na UDN e, mais adiante, JUSCELINO KUBITCHEK DE OLIVEIRA, no PSD.
Era época em que a fidelidade partidária mantinha-se incólume, não ocorria a desastrada debandada em busca da afirmação dos interesses pessoais de toda a sorte, o que degenerou na proliferação de agremiações sem qualquer compromisso ou identificação ideológica ou caracterização racional.
A violência continha-se em índices perfeitamente ajustaveis, nêsse ítem inclusa a endêmica corrupção, sobretudo e principalmente política, que enrubesce a mais liberal imaginação. Os indivíduos não se identificavam como proprietários do relacionamento amoroso para lhe exigir a perpetuidade sem a qual a tresloucada atitude vem, hoje, conduzindo os comportamentos. Os desvairios sexuais, na ponta do que situo a agressividade de toda a sorte, muito particularmente às mulheres e aos menores, se ocorressem seriam de escandalizar o mundo pela sua excepcionalidade.
Na outra ponta estavam os costumes, os hábitos salutares, os comportamentos lineares. Ocorrem-me as festas nos clubes sociais que, então, eram o desaguadouro das espectativas romanciadas. Sobretudo nas famílias, estas, por sinal, com estrutura sólida e destinação da segurança. A praia e o cinema somavam-se para guardar as intenções de exultação espiritual. Desaguadas na exaltação dos ídolos de então, tais Lauren Bacal, Hunfrey Boggart, Olivia de Haven, Paulette Goddart, Marilyn Monroe, Brigite Bardot e tantos que seria enfastidiosa a enunciação.
E a música, desde a romântica Itália, pelas inspiradas canções napolitanas, passando pela exuberante França com o seu Frenche-Can-Can do Moulin Rouge e de Toulouse Lautrec, divagando pelo vigoroso Flamenco de Paco de Lucia e da Andaluzia na Espanha, até o emocionante Fado de Amália Rodrigues e seu místico Portugal. Chegando à sudamérica com o Tango projetado por Carlos Gardel. 
Subindo um pouco mais para encontrar em Perez Prado a excelência do mambo na América Central, do Caribe, Cuba e México. Em Agustin Lara, Maria Alma, Ernesto Lecuana, Pedro Vargas, Gregório Barrios e tantos, o sentimento decantado do bolero. Até pousarmos na exuberante presença de Maria Antonieta Pons e Cuquita Carballo, como legítimas executoras da sensual dança latina.
Subindo ainda mais vamos alcançar o “jazz” de Louis Armstrong e a afirmação, sobretudo pela influência do cinema, nos encantos de interpretação dos Frank Lane, Bing Crosby, Nat King Cole, Ella Fitzgerald até o inefável Frank Sinatra.
Mas foi aqui no Brasil que a música mais se elevou, saída da ritimação do samba cadenciado até a inspiração da “bossa nova” que buscou uma nova roupagem para exaltar a alegria verde e amarelo. No que João Gilberto foi seu inspirador maior, enquanto Vinicius e Tom lhe configuraram a excelência da poesia. Em meio ao repíque dos tamborins na exaltação das Escolas de Samba, a música brasileira encontrou ainda novos e sugestivos caminhos com a Tropicália, valendo ainda a inssurreição da Bahia para tanta derivação. Nisto, não há como deixar de listar Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Betânia.Impossível, em meio a tanta excelência sonora, deixar também de reviver Caymmi com a sua baianidade.
Ao lado de toda essa argumentação, resta-me exultar que foi no período que o Bahia logrou o primeiro dos dois títulos de campeão basileiro (Taça Brasil de 1959). E que foi em 1958, 1970 e 1974 que o Brasil conquistou o tri-campeonato mundial.
Por tudo, chega a ser exaustivo,  permanecer na busca de exemplos quantos para enriquecer argumentos. Verdade, são outros tempos. Cada qual na sua espectativa. Mas, perdoem-me, aqule momento foi, inquestionavelmente, singular. 
Razão pela qual eu exulto na perquirição da memória para resgatar tanta alegria.

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