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sexta-feira, 12 de julho de 2019

UM CRAQUE QUE DECEPCIONOU

Concedo-me o direito de me reinvestir da condição de crítico esportivo, da qual me desliguei oficialmente desde 1976, depois de 20 anos de atividades intensas. E o faço em nome de uma postura que estranha deslizes, quando decorrentes de atletas que, naturalmente, pelo excepcional desempenho das suas atividades, obrigam-se à condição de líderes, de modelos, de exemplos.
Esta minha referência direciona-se a LIONEL MESSI. Não pode pairar dúvidas quanto à sua condição de craque emérito, de excepcional profissional que conquistou o mundo com a sua extraordinária competência. As estatísticas são muito mais idôneas para consubstanciar estas afirmações do que uma simples opinião de um crítico veterano.
Confesso que me decepcionei com o festejado profissional diante da sua postura ao final do embate entre as seleções da Argentina e do Brasil. Entendo que o calor da disputa, diante de um revés, não atua propriamente como alento para ninguém. No entanto, a derrota não justifica o destempero de quem quer que seja. Ainda é possível aceitar o “choro” de treinadores que sentem na pele a ameaça da sua liderança diante de um plantel derrotado.
Nunca, porém, consigo tolerar o desvario de um profissional calejado por anos a fio de atuação, quando vencer ou ser derrotado constitui, historicamente, a eventualidade infalível de uma competição. O destempero somente revela o surpreendente despreparo, mais que isto, o lamentável desequilíbrio emocional, quando o revés lhe acena de forma inquestionável.
No caso vertente de LIONEL MESSI, o seu flagrante desassossego consubstanciou-se por três oportunidades. Em todas as três conflagrou-se em mim a decepção em virtude de ter sido a negação do profissional equilibrado, sereno, cordato, em que sempre o tive como personalidade centrada. Poderia, num primeiro instante, levar em conta um momento excepcionalmente emocional, mesmo estranho. Mas não lhe posso negar a minha estupefação com a réplica e tréplica de comportamento desajustado.
Evidentemente, serão muitos os que deverão discordar da opinião deste modestíssimo manifestante. É direito sem questão. Mas, a verdade inequívoca é que o nosso fantástico MESSI não logrou absorver o fato de não conseguir, historicamente – até hoje, pelo menos – testemunhar êxito na conquista de títulos pela seleção argentina. Já em passado recente, é consabida a sua atitude em se declarar definitivamente fora da seleção dos queridos “hermanos”. Verdade que os interesses maiores não permitiram que a sua decisão se consumasse, e o querido MESSI retornou aos seus pagos seletivos.
Contudo, a grande verdade foi que, nem mesmo a sua genialidade, aliada a tantos outros “cracassos” do país limítrofe, permitiu-lhe consumar, historicamente, o grande prêmio da conquista de um título. E agora, ou melhor, nos últimos dias, a história “trágica” se repetiu. Messi nem teve o direito de chegar, com a seleção portenha, à disputa final do título.
A frustração, lamentavelmente, levou-o ao destempero de desconsiderar adversários e fazer côro com o seu técnico na lamentação pela derrota inquestionável. No mínimo, o querido MESSI comportou-se de forma irrecorrivelmente deselegante e desrespeitosa com o Brasil, com os seus colegas de profissão e com a própria torcida brasileira.
De frente a uma derrota, indiscutivelmente, contundente, e em frente à realidade do afastamento do direito à disputa do título, assacou contra a arbitragem, acusando-a, agressivamente, de imparcialidade. Mais que isto, superou-se na revolta ao acusar a própria organização do evento de ter encaminhado o desenrolar da competição para favorecer ao Brasil. Acusação e denúncia que, inclusive e sobretudo, merecem análise, reflexão e julgamento pelos órgãos competentes.
Quem persegue essa paixão que é o futebol, está por demais e exaustivamente identificado com os tropeços, os desassossegos, os desajustes, os desencontros e tantas dúvidas que pairam sobre o desenvolver de uma competição. Em que os árbitros são a vertente não apenas das atenções  mas e principalmente das acerbas e, nunca raro, exaltadas, críticas.
Mas a eles não se lhes devem atingir acusações decorrentes do desequilíbrio emocional. Ainda é tolerável e compreensível a reação no flagrante do fato. Mas o bom senso recomenda que a cabeça fria seja o desaguadouro final da interpretação e da opinião.
A comprovação de que o nosso “gênio” MESSI destemperou-se inexoravelmente esteve no episódio posterior do encontro com o Chile, em disputa da terceira colocação na classificação final. Todos testemunhamos o quanto esteve desequilibrado no momento que lhe valeu a expulsão. 
Primeiro, foi, sem a menor dúvida, o causador do lamentável episódio quando, no lance da “linha de fundo”, empurrou, de modo um tanto agressivo, o adversário com o cotovelo direito. O que se seguiu a impulsiva troca de empurrões. O “cartão vermelho” destinado a ambos, foi a consequente decisão facultada ao árbitro.
Claro que o episódio surpreendeu ao mundo. Expulsão de MESSI de uma competição seria ocorrência jamais imaginada, diante do seu conceito de profissional tão genial no desempenho quanto equilibrado nas reações. Não foi o que se testemunhou. Nem sequer retornou ao banco de reservas, como ocorre naturalmente em casos similares. Deixou definitivamente o campo.
A decepção final e total veio com a sua recusa agressiva de participar da premiação da medalha de bronze. 
Desculpe-me craque admirável. Não foi uma atitude, pelo menos, elegante. 

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