CALEIDOSCÓPIO

ADEUS A UM BATALHADOR
A notícia nos pegou num misto de tristeza e saudade. Em certo sentido, com uma sensação de que o Grande Arquiteto do Universo se apiedara de um seu filho bom, honesto e que sempre honrou os seus princípios. Terrível mal lhe dilacerava o corpo e o espírito. Partiu no sábado 30 para o Oriente Eterno o português- brasileiro, cearense por opção Júlio Trindade, um  devoto de Santo Antônio que procurou  na vida bons caminhos, todavia  alguns deles ásperos e difíceis. Perdeu não apenas a sua família, representada neste também lutador que é Rodolphe, seguidor fiel da trilha do pai, mas também nós todos  os engajados em um turismo sustentável e honesto para Fortaleza, para o Ceará.  Com o seu jeito simples, bigode vasto e cabelo que fugia aos padrões de pessoas da sua idade, o Júlio Pirata em todos os momentos esteve na linha de frente nas lutas pela melhor qualidade do turismo, ele que sempre lutou contra a degradação da outrora  chique e boêmia Praia de Iracema. Nascido em Lisboa, com menos de 20 anos foi para Paris, não conformado com o regime ditatorial da sua pátria querida. Lá se casou com Yane, teve o filho Rodolphe, ralou muito em várias profissões para ganhar o sustento da família. Viajou muito, Chegou ao Brasil em 1981 pela Bahia, estabelecendo-se depois, definitivamente, em Fortaleza a partir de 1985. O até então nômade aqui criou raízes profundas de amizade. Entre nós, após tentar trabalhos outros, com o filho criou o hoje mundialmente conhecido e elogiado Pirata Bar, justamente na Praia de Iracema. Com o sanfoneiro Azeitona e  Dorgival Dantas, no início,  e tantos outros músicos e artistas de raízes nordestinas, o Pirata Bar projetou as noitadas fortalezenses, sempre às segundas-feiras, e o turismo da terra, com o reconhecimento de oferecer aos fortalezenses e visitantes  “ a mais......,  numa citação de mídia estrangeira. Julio Pirata D'Iracema, como gostava de ser conhecido, nunca transigiu com a marginalidade, no seu estabelecimento e fora dele. Com o “trade”,  a qualquer hora estava na linha de frente na luta pelo desenvolvimento de um turismo de qualidade, contra, absolutamente contra as drogas e a prostituição, notadamente a infantil. Foi um benemérito, desenvolvendo abnegado trabalho social através da sua Fundação Pirata Marinheiro. Enfim, num reconhecimento às suas ações, falam mais alto os títulos que recebeu de Cidadão Cearense e  Fortalezense. Já agora, quase no final da sua trajetória terrestre,  no dia do  seu nunca esquecido Portugal, 10 de junho, foi agraciado pela colônia lusitana cearense com o Troféu Martim Soares Moreno da Comunidade Portuguesa.  Que o Homem lá de cima, Júlio Pirata,  o tenha recebido sorridente e dizendo de braços abertos: “Pirata, que bom  você está entre nós”.
POST SCRIPTUM
Logo que começamos a enviar o Newsletter da semana passada, amigo e atento leitor nos telefonou informando o escorregão que havia no Caleidoscópio (e revisão não se apercebeu). Lá estava em letra de forma cruzeiro ao invés de real, no comentário sobre “O Brasil e o Turismo”. A passagem era “... valorização do cruzeiro em relação ao dólar”. Teria sido uma armação persistente em nos conquistar do incansável Alemão, o tal Alzheimer, nos nossos bem vividos 85 anos? Ou lembranças de um passado que foi tão bom como o é o presente hoje? Não acredito, pois quem vive de passado, como se diz, é museu. Quanto ao Alemão, tem é Zé para me conquistar, a não ser numa dessas ciladas da vida. De qualquer forma, consertamos imediatamente o engano. Assim, boa parte dos que leu a edição do Newsletter do “Rota do Sol” no blog, não se deparou com o erro. É o diabo, por mais que se faça jornais e outros veículos da mídia cometem diariamente gafes de muitas espécies. Há pouco, não é que um jornal diário de Fortaleza, conforme comentou seu Ombudsman, repetiu de edição anterior os mesmos números do sorteio passado da  mega-sena, deixando em estado de choque uma pobre doméstica que neles jogara?