Tempos nebulosos e dolorosos estes últimos dias para este escrevinhador de jornal da época da “caixa” e da linotipo. No último dia 13, minha esposa foi fazer companhia aos anjos, após longos dois anos de sofrimento. Agora, mais um acontecimento que me enche de pesar. Na segunda feira, 20, soube que o velho companheiro de imprensa Cidrack Ratts falecera no dia anterior. A Paca não nos esquece. Vem sempre para fazer cumprir a sentença fatal. Diante da triste notícia, comecei a pensar nos anos em que eu, ele e uns poucos que ainda estão por aqui trabalhávamos para os jornais da época – “O POVO”, o “Correio do Ceará”, o “Unitário”, a “Gazeta de Notícias”, o “Estado” e o “Nordeste”. Ao com o Galeguinho e o Eutímio Moreira, Cidrack era destaque na crônica policial. Sem maior projeção, eu e o Ari Cunha também éramos da área Trabalhador incansável e perspicaz na procura da notícia para dar o “furo”, cedo Cidrack ia às duas únicas fontes que existiam onde iam parar os mortos ou feridos em acidentes ou presos por terem cometido qualquer delito - a Assistência Municipal Fortaleza (hoje Instituto José Frota) e a Secretaria de Segurança Pública, local que concentrava as delegacias de polícia. A cidade não era tão espalhada quanto hoje é e a população não ia muito além dos 600 mil habitantes. Para cumprir as tarefas diárias, deslocava-se a pé ou no máximo de ônibus, pois naquele tempo as empresas jornalísticas não possuíam transporte para o cumprimento das tarefas dos seus empregados. Não obstante as dificuldades, Cidrack ganhou fama pelo trabalho que executava, tanto assim que foi atraído por outros órgãos da imprensa e rádio, inclusive “O Povo”, o “Diário do Nordeste” e a Rádio Uirapuru. Cumprindo a sua missão de um trabalhador eficiente, por cerca de 40 anos prestou bons serviços também como serventuário da Justiça, no Fórum Clóvis Beviláqua. À propósito da partida final do benquisto jornalista, ligeira digressão sobre a imprensa do seu, do nosso tempo. Fazia-se um jornal para as exigências da época. Eram modernos e até ousados estes periódicos. Se agora a imprensa é dita moderna e evoluída, com jornalistas altamente especializados e formados em escolas específicas, atente-se que isto ocorre porque a época assim o exige. Com as descobertas tecnológicas e o surgimento de outro pensar, normal é que a imprensa se adapte ao tempo, como as populações sem o sentir vão se adaptando. Isto não implica em dizer que é melhor do que a do passado. Apenas vive o seu momento. Se agora há nomes respeitáveis pelo saber e diligência pontificando nos jornais, rádio e televisão, na minha época e nas anteriores personalidades de destaque pontificavam também, como João Brígido, Demócrito Rocha, Perboyre e Silva, Jáder de Carvalho, Paulo Sarasate e Geraldo Nobre. Certamente, num futuro talvez até não muito distante, o que se chama hoje de imprensa moderna será conhecida como ultrapassada. E a vida assim continua.
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