FANTASIAS DO FINAL DO ANO
Todo ano é a mesma cousa. Dezembro é o mês da alegria, das confraternizações e de expectativas de que o ano vindouro será muito bom e saudável. As magias da esperança e das luzes como que nos fazem esquecer o que se passou e o que se passa, não apenas conosco e com nossos vizinhos, mas com o nosso velho, querido, rico e tão maltratado País. O “décimo terceiro” mês da vida, com um poder ilusório, nos faz momentaneamente esquecer que estamos atolados em dívida. Então, partimos para as compras dos presentes para a mulher, os filhos e as pessoas da nossa benquerença. Reservamos alguma sobras, quando sobra, para as festas e ceias de Natal e do Reveillon. No ano que já corre para o fim, em plano mais alto, até esquecemos que o Brasil está mergulhado em grave crise moral e financeira, com homens aboletados em altos cargos mergulhados até o gogó nas mais graves acusações de corrupção, de desvio de somas impensáveis de dinheiro, subtraídas criminosamente de serem aplicadas em favor do carente povo brasileiro. Ignoramos que está doente a nossa economia, com reflexos desastrosos na saúde, na educação, na segurança, nas classes empreendedoras, produtoras, mas principalmente no povo, em todos nós que pagamos escorchantes impostos e não temos o retorno devido. Tudo é momentaneamente esquecido. Estamos deslumbrados com as luzes do mês mágico, com as honras ao Deus Menino. Mas, como disse Mateus (24/35): “Os céus e a terra passarão...” Então, chega janeiro e caímos na real. Vêm as preocupações, as contas certas para pagar. Na ressaca, acorre à nossa mente o que diz a letra da música carnavalesca imortal, de Marçal e Bide “...Agora é cinza, tudo acabado e nada mais...”.
DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Estamos no final da temporada futebolística promovida pela Confederação Brasileira de Futebol. Na Série C do Campeonato Brasileiro, classificaram-se para ascender ao Grupo B os quadros do Macaé, do Paisandu, do Mogi Mirim e do CRB. No grupo de elite, o A, faltando a última rodada, já merecidamente o grande campeão é o Cruzeiro, de Belo Horizonte. Tudo normal, mas nem tudo justo. Os três campeonatos organizados pela CBF têm forma diferente de classificação. Nas Séries A e B, para conhecimento do campeão, dos classificados para a Taça Libertadores e dos que terão acesso ou decesso se verifica pelos pontos corridos. Os que chegam nos quatro primeiros lugares ou nos quatro últimos são premiados ou sofrem decesso. Na série C, porém, o critério dos pontos corridos não vale. Os quatro primeiros clubes colocados nos grupos A(dos Norte, Nordeste e Centro Oeste) e do B (Sudeste e Sul) têm que disputar o que popularmente se denominou de mata-mata: o 1º de um grupo joga com o 4º do outro e o 2º com o 3º. Ainda mais: no caso de empate nos jogos de ida e volta, para indicar o vencedor vale o gol fora de casa. Trocando em miúdos, isto significa dizer que, mesmo empatando, ganha o que fez maior número de tentos no campo do adversário. Foi justamente assim que o Macaé classificou-se e foi consagrado campeão da Terceirona. O clube do Rio de Janeiro, na primeira etapa do esdrúxulo campeonato quase não se classificava, chegando em 4º lugar de sua chave. No tal mata-mata, com o Fortaleza empatou em casa e o placar foi de 0 x 0; na segunda partida, na capital cearense, novamente empatou, mas em 1 x 1. Pronto, aí foi declarado vencedor pois fez um gol no campo do adversário. Ainda mais, o sortudo Macaé, o quarto da sua chave, foi declarado campeão da Série C, pois mais uma vez, na final, empatou com o Paisandu em casa e também em Belém, conseguindo maior número de tentos na arena do adversário. Registre-se que, durante toda a Série C do Campeonato o Fortaleza, pelo sistema de pontos corridos, seria o campeão, pois entre todos os disputantes perdeu uma única vez e empatou oito, terminando com 36 pontos. Quem lhe seguiu de perto foi o Tupi, de Minas, campeão da Chave B, com 34 pontos. Pergunta-se, porque a CBF não adotou o mesmo critério nas três séries? Se foi pelo fato de haver duas chaves na série C, nada impediria que os quatro classificados à ascensão fossem os dois melhores classificados em cada chave. No duro, no duro, para a “madrasta”, séries C e D são um peso morto, como pesados são os times de futebol das regiões fora do eixo do poder.
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