VIAGENS DE AUTORIDADES
Os últimos acontecimentos relacionados à chamada Operação Lavam Jatos trouxe à discussão, mais uma vez, o uso e abuso de transportes oficiais em viagens não oficiais. Conforme noticiado, em razão da ida coercitiva de Lula para depor na Polícia Federal (o local foi o Aeroporto de Congonhas), a Presidente Dilma Roussef foi a São Paulo para, pessoalmente, solidarizar-se com o ex-presidente da República. O ato em si não teria maiores implicações se não fosse oficial o transporte usado por Dilma. Anuncia-se até que já há representação contra o ato. Ora, ora, não é nenhuma novidade autoridades se deslocarem para fins não oficiais em transporte público ou particular. Neste nosso rico país, o uso de veículos oficiais, oficiosos é tão vulgar que não causa mais admiração. Não repercute mais dizer-se que de qualquer maneira é o dinheiro do povo que está sendo gasto levianamente. Quem atira com a pólvora alheia não faz pontaria. São centenas e até milhares os veículos postos à disposição da presidência da República, de gente graúda dos ministérios, dos parlamentares, governadores, prefeitos e de uma incontável arraia menor, mas que exerce “cargo de prestígio”. Não há exceção nos três Poderes da República deste uso indevido. Por aqui, é inusitada a postura de autoridades em países de outros continentes que se deslocam de suas casas (que não são pagas pelo governo) para cumprir suas funções. Muitos até vão de bicicleta ou transporte público, pagando a passagem do próprio bolso. Mas, voltando à visita de Dilma a Lula, lembramo-nos que, anos atrás, o deputado cearense Paes de Andrade foi execrado pelo sul e sudeste maravilhas porque se deslocou em avião oficial para participar da inauguração de um açude público no seu município de nascimento, Mombaça, aqui no Estado. Diga-se que, no momento, Paes de Andrade, como Presidente da Câmara Federal, estava na função de Presidente da República com a viagem a outro país do titular do cargo. Foi uma viagem oficial, para inauguração de um açude público custeado pela União. Sem dúvida, houve uma discriminação odiosa contra um homem público de bem, sem mácula como deputado ou presidente da Câmara mas que teve a “desdita” de nascer numa região pobre, num estado mais pobre ainda. O tempo é implacável, é o senhor de tudo. Agora é escancarado o comportamento de atos ilícitos, em viagens ou nas funções públicas. Tudo é visto como “normal”, a não ser em poucas vezes, como nos casos surgidos nos chamados Mensalão e Lava-Jatos. Temos a esperança de que, algum dia, o povo brasileiro desperte da letargia que o domina, se livre dos demagogos e dos marginais infiltrados na vida pública e, nas urnas, escolham pessoas competentes e de bem para dirigir os municípios, os estados, o País. É a herança que desejamos para os nossos filhos, netos e bisnetos, enfim para o maltratado povo brasileiro.
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