Neste ano de 2016, estou comemorando 60 anos de atividades profissionais no jornalismo. Iniciei em 1976 pelas mãos do meu saudoso e sempre querido cunhado, compadre, sócio e companheiro de todo o tempo, ANTÔNIO ROBERTO PELLEGRINO. Como referência foi o pai e também inspirador do atual Deputado Federal Nelson Pellegrino.
Lembro do meu começo com muita nitidez. Certo dia, minha inesquecível e sempre amada TEREZA informou-me que Pellegrino – que era “doublé” de médico e jornalista - me consultava se eu não gostaria de atuar num jornal diário como seu redator. É que eu já incursionava pela atividade em veículos alternativos e culturais, da época em Salvador.
Evidente que anuí. Então ele me instruiu que eu atuaria no setor de “esportes”. Minha iniciação, por condução dele, seria numa noite em que o meu querido Bahia enfrentaria o Galícia, então clube da colônia espanhola na capital baiana. Deveria assistir ao jogo, fazer as devidas anotações, depois ir a redação do Diário de Notícias – matutino que era um dos dois órgãos de imprensa do grupo Associados na Bahia – preparar a matéria e entregar ao Secretário do jornal para publicação.
Esclareceu-me que ao chegar a redação – que, a época, funcionava num primeiro andar da Rua Portugal, bairro do Comércio na Cidade Baixa - deveria ocupar uma mesa, onde houvesse uma máquina datilográfica desocupada, escrever a matéria e entregar para inserção na edição do dia seguinte.
Tal como informado, assim procedi. Ocorreu que, quando já me encontrava instalado e em meio da matéria, ouvi, por trás de mim, uma voz tonitruante a verberar:- Era só o que faltava. Um cidadão que nunca vi, refastelado em minha mesa a escrever com a maior “sem-cerimónia”.
Em suspense, claro, voltei-me solertemente e me deparei com um imenso cidadão por trás, a me espreitar. Claudicante, para um iniciante, tentei explicar o incidente e me dirigi a outra carteira, igualmente vaga.
No andar da história, vim a tomar conhecimento de que aquele cidadão de vozeirão e porte avantajado não era outro que não Heitor Pinto de Almeida Castro, o próprio Secretário do jornal. Escusado afirmar que, no correr da vida, tornou-se um dos meus mais diletos amigos e companheiros, junto com a sua, hoje, viúva, Aurora. A ponto de, anos depois, já quando ele dirigia o vespertino Estado da Bahia, também da cadeia Associados, me convidar para a chefia do setor esportivo daquele veículo, acumulando com a redação esportiva do próprio Diário de Notícias.
O interessante da minha iniciação foi que, curiosamente, e de começo, venci etapas naturais de um estreante no jornalismo, pois não cheguei a palmilhar a postura de “foca”, condição “sine qua” para aqueles que se investiam na atividade. Pulei, então, tal fase experimental e já atuei como profissional, fazendo jus a salário e tudo o mais.
Foram maravilhosos pouco mais de 20 anos naquela militância que me proporcionou experiências fantásticas. Dentre as quais a edição de 3 livros, todos sobre o meu amado Bahia: “Bahia de Todos os Títulos”, “Futebol, Paixão e Catimba” e a continuação da história contida no primeiro deles.
Como tem ocorrido por toda a minha vida, no jornalismo não me desassociei da vocação comunitária. Desde o começo tive atuação junto as lideranças da categoria dos “Cronistas Esportivos”, a ponto de ocupar diversos cargos na sua entidade – ABCD/Associação Baiana dos Cronistas Desportivos – até alcançar a sua presidência por duas gestões.
Experimentei, igualmente, incursionar pelas entidades do próprio futebol, chegando a condição de Assistente do Departamento do Interior da, então, FBDT/Federação Bahiana de Desportos Terrestres, do qual era seu diretor outro que não o parceiro Pellegrino. Além de figurar em diretorias de inúmeras outras entidades esportivas.
Durante aqueles pouco mais de 20 anos, fui fiel ao setor esportivo no qual, embora privilegiando, evidente, o futebol profissional, não me descurei de apoiar com veemência o esporte amador, como o vôlei, o basquete, a natação, o pugilismo, o halterofilismo, o tênis e tantos mais.
Já quando 1976 iniciava, com a derrocada do Grupo “Associados” - construído com tanta competência pelo inefável Assis Chateaubriand – Pellegrino me acenou com a ideia de não mais nos submetermos a veículos de terceiros, mas que poderíamos lançar o nosso próprio. E privilegiou o turismo como “pano de fundo” para a nossa investida.
Foi ali que nasceu a 'GAZETA DA BAHIA – Turismo”, na sequência dos anos, tornada simplesmente em “GAZETA DO TURISMO”, pioneira, porque uma das duas únicas publicações do turismo no país, então.
Foi a minha incursão por essa atividade fascinante: o turismo.
Mas esta é uma outra história.
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