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sexta-feira, 17 de maio de 2019

POLÍTICAS PÚBLICAS - O CEARÁ SE DESTACA COMO POLO PRODUTOR DE FLORES

Produção de flores une desenvolvimento economico e turistico
Mesmo encravado no semiárido brasileiro, o Ceará conseguiu identificar microclimas que são favoráveis à produção de flores e acabou se tornando, nas últimas duas décadas, em um dos principais polos produtores do setor no Brasil. Estudos recentes mostram que o estado é considerado o terceiro na oferta de produtos de floricultura para o mercado interno. No período de 2006 a 2017, o número de produtores locais saltou de 295 para 730, crescimento de aproximadamente 148% da cadeia produtiva, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse protagonismo no mercado tomou corpo após o Governo do Ceará, ao longo das últimas décadas, passar a incentivar a produção por meio de políticas públicas para investimento em tecnologia e treinamento. Silvio Carlos Ribeiro, secretário-executivo de Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento do Trabalho (Sedet), explica que “a demanda externa e interna aquecida, microclima favorável e a gestão governamental fizeram com que o Ceará iniciasse sua produção naquela época com uma inserção forte nas exportações”.
Márcio dos Santos, mestre em economia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e coautor do estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), que avaliou os efeitos das políticas públicas locais na exportação de flores no período de 1997 a 2014, também destacou o papel fundamental do Estado no crescimento do setor. 
Dentre as iniciativas do Governo para alavancar a produção de flores e atração de produtores estão a implementação dos programas “Cearense de Agricultura Irrigada” e de “Desenvolvimento do Agronegócio da Floricultura”, além da contratação de consultores estrangeiros para qualificar os floricultores sobre técnicas de cultivo mais adequadas. Outros projetos também passaram a auxiliar a cadeia, como a Escola de Floricultura do Ceará (Tecflores), Centro Agroflores de Inovação Tecnológica, Projeto Florescer, Produção de Cactus no Semiárido, Flores Tropicais e o Projeto Caminhos de Israel de Flores.
NOVOS VOOS - A produção de flores brasileiras, inclusive a cearense, já teve como um dos principais destinos o mercado exterior. O Ceará, entre 1997 e 2014, chegou a crescer mais de 300 vezes seu volume de exportação de flores e plantas ornamentais. De 1997 a 2017, o valor exportado somou US$ 44,23 milhões e o importado US$ 5,61 milhões, gerando um superávit de US$ 38,62 milhões.
Com a crise mundial no final da década passada, o mercado internacional sofreu uma desaceleração. Porém, o Brasil caminhava na contramão da queda de consumo, o que fez que com o passar dos anos o volume de produção enviado para fora do Brasil acabasse sendo negociado internamente, como detalha Silvio Carlos Ribeiro. “De 2014 para cá, o volume de exportações diminuiu devido a dois fatores: mercado externo desfavorável e o interno bem favorável, então o setor focou muito no mercado interno”.
Com a implantação do hub aéreo em Fortaleza, a tendência é que os produtores voltem a enviar parte da produção para o mercado exterior. Márcio Maradona informou que a fazenda deixou de exportar há algum tempo, mas com os novos voos para a Europa já estão se preparando para retomar os negócios. “
Mudando a realidade local
O Ceará possui seis polos produtores de flores, sendo o maior deles o da Serra da Ibiapaba, por contar com fatores geográficos favoráveis. O clima tropical úmido, altitude de 900 metros em relação ao nível do mar e temperatura média anual de 21°C são pontos positivos para o cultivo de flores. Quase três mil horas de sol por ano, ausência de granizo e geadas e a proximidade com a Linha do Equador também contribuem.
UM EXEMLO - Cleidiane Azevedo trabalha há 17 anos na empresa Reijers. Ela começou como cortadora, passando para supervisora de estufa e atualmente está no setor de classificação como supervisora de embalamento. A funcionária conta que construiu sua vida dentro da empresa e tudo que conquistou materialmente foi graças à produção de flores. Quando jovem, Cleidiane não teve oportunidade de se qualificar para trabalhar na área, tendo que aprender no dia a dia. Hoje, os jovens da região já contam com a Escola de Flores do Ceará (Tecflores), equipamento do Governo do Ceará administrado pelo Instituto Agropolos do Ceará (IACe). O espaço foi idealizado em 2008 para desenvolver e socializar o conhecimento sobre o cultivo de flores e plantas ornamentais no Estado.
Anualmente é ofertado um curso gratuito para jovens da comunidade que têm entre 18 e 25 anos. São 192 horas/aula divididas em 17 módulos e estágio profissional. As disciplinas abordam temas como Introdução à Floricultura, Produção de Flores Temperadas de Corte, Produção de Rosas, Produção de Folhagens Ornamentais, Agricultura Orgânica, Economia Solidária, Segurança do Trabalho, dentre outros.

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