SONHO E REALIDADE
Volta-se a falar com ares de seriedade na recuperação do Centro Histórico de Fortaleza, área que se entende ser no quadrilátero Duque de Caxias/rua Dr. João Moreira, avenida Tristão Gonçalves/avenida Dom Manuel. A iniciativa, agora, parte do presidente da Câmara Municipal com o apoio da Regional do Centro, do Banco do Nordeste, afora outros órgãos públicos e particulares. Assunto recorrente e que nunca foi levado muito a sério. Agora, espera-se que tenha consistência e não se inclua apenas em artifícios pré- eleitorais. Sempre fomos partidários de que o nosso centro da cidade não continuasse em processo de degradação, pois lá está a nossa história viva. Lugar charmoso, de grande apelo histórico e sentimental, a Praça do Ferreira e seu entorno maior, vertiginosamente vem passado por um processo de abandono, desde que a especulação imobiliária, fundamentada em marketing continuado, passou a se expandir para os lados leste e sul de Fortaleza. Primeiro, foi o shopping Center Um, depois prédios e mais prédios de bons e grandes apartamentos. Povoou-se e se deu densidade a área, com o suporte de outros e mais outros centros de negócios, lojas para todos os gostos, shoppings vários mais sofisticados, supermercados, casas de diversão e de gastronomia, enfim uma super infraestrutura sem dúvida convidativa para que a população fortalezense para lá fosse. Foi e continua indo. Um basta a tanto desmazelo é preciso ser dado com firmeza. Não se concebe que Fortaleza, pobre de culto ao passado, despreze o que ainda temos de história. Acrescente-se que estamos jogando no lixo um acervo valioso para o bem estar da população, do turismo. Portanto, a iniciativa é recebida com aplausos. Que se leve avante o projeto de bem requalificar o Centro Histórico desta que já foi cantada como a “loira desposada do sol”. Que haja realmente sinceridade na sua execução, mesmo que planejado para dez, quinze, vinte anos. Mas que seja bem executado. Reunam-se os administradores de boa cepa, os engenheiros, arquitetos, sociólogos, antropólogos, representantes do povo (acabemos com esta farsa ideológica de sociedade civil organizada) e apresentem um plano exeqüível à execução dos administradores públicos. Que se deixe de lado a vaidade e mãos à obra. No nosso entender, está de bom tamanho a proposta que se pretende para o “Viva Centro”, calcada em cinco pilares: mobilidade urbana, reordenamento, recuperação habitacional, patrimônio cultural e segurança. Como seria agradável à geração meus netos viver numa cidade em que seu “coração” fosse convidativo para os deslocamentos do povo; que os seus bens históricos fossem orgulhosamente mostrados; enfim que fosse possível o povo morar, pois rico de uma boa estrutura, de segurança. Será sonhar muito ter o quadrilátero da Cidade da Criança como um pólo de lazer onde o povo alegremente pudesse caminhar, jogar, assistir a filmes e peças teatrais? Em tempos de tantas notícias ruins, bons sonhos fazem muito bem a quem vive tão estressado como o fortalezense.
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