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terça-feira, 20 de setembro de 2011

FESTA DO SAIRÉ MOVIMENTA A AMAZÔNIA


Festa do Sairé, a mais antiga manifestação cultural da Amazônia, que acontece há mais de 300 anos, começou ontem, na vila de Alter-do-Chão, no município de Santarém, oeste do Pará. Une religião e cultura e expressões como rituais beatos, danças, músicas, culinária e teatro, durante cinco dias. A programação começou às 8 horas, seguida de um café da manhã comunitário e show musical. No início da noite, uma procissão pela Praça de Alter-do-Chão com o símbolo do Sairé, levado por uma mulher chamada de saiapora até a “barraca do Sairé”, onde acontecem as ladainhas religiosas. Seguindo esse ritual, apresentações de danças folclóricas, shows musicais e degustação da culinária local.
Uma novidade deste ano foi o show Terruá Pará, promovido pelo governo do Estado, no Sairódromo, reunindo 45 artistas paraenses de várias vertentes musicais, com entrada franca. Um dos destaques foi o violonista santareno Sebastião Tapajós, bem como Gaby Amarantos, Edilson Moreno, Charme do Choro e Dona Onete, dentre outros.
 O historiador Hélcio Amaral explica que a festa do Sairé surgiu da tentativa dos jesuítas de catequizar os indígenas, com a missão evangelizadora pela bacia do rio Amazonas de uma forma „material para que eles entendessem sobre a santíssima trindade. Daí vem a explicação para o símbolo do Sairé, que é constituído por um semicírculo e confeccionado com cipó torcido, algodão, flores e fitas coloridas. Uma cruz no topo e outras três ao centro completam o emblema, representando Deus no topo e o mistério da Santíssima Trindade.
Com o passar dos anos, descendentes dos índios Borari, acrescentaram aos festejos outras manifestações, como as danças do curimbó, puxirum, lundu, camelu, desfeiteira, valsa da ponta do lenço, marambiré, quadrilha, cruzador tupi, macucauá, cecuiara. É a parte da festa que as pessoas costumam caracterizar como profana.
Uma dessas atrações e ponto alto da festividade é a disputa dos botos Tucuxi e Cor-de-Rosa, um espetáculo no qual duas associações da comunidade apresentam a lenda do homem boto, um jovem e belo rapaz que seduz a mais bela cabloca ou cunhâ – como são chamadas as moças da região. Todos os anos as associações escolhem uma temática para nortear a trama, que acontece no Sairódromo.  Durante todo o ano, a comunidade trabalha junta para as apresentações e dos demais momentos da festa.
No último dia, acontecem a “varrição da festa”, a derrubada dos mastros, o marabaixo, a quebra-macaxeira e um grande almoço de confraternização chamado de “cecuiara”. O encerramento da programação é à noite, com a festa dos barraqueiros. O Sairé acontece sempre na primeira quinta-feira após o dia 7 de setembro, período em que as chuvas da região são reduzidas e formam- se as praias, outra atração turística da cidade.

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